Que não se dê ao Santos x São Paulo, no Pacaembu, o caráter de prova dos noves.
Continua muito cedo para qualquer conclusão.
Será o 307º da história, o 167º pelo estadual, o 74º no Pacaembu, sempre com vantagem do São Paulo —132 a 103, 74 a 47 e 39 a 23.
E pode ser interessante ver o primeiro embate entre o maduro, com ideias novas, Jorge Sampaoli, 58, e o jovem, também com ideias novas, André Jardine, 39.
O Alvinegro com sua mais recente atração, o meia venezuelano Soteldo, 21, apenas 1,60 m, que Sampaoli mandou buscar na Universidad de Chile e que pelo visto contra o São Bento, quando entrou no segundo tempo, será capaz de agradar a exigente torcida santista.
É maldade dizer que o super-tatuado Sampaoli o quis porque é sete centímetros mais alto e precisava de pelo menos um jogador com quem pudesse falar de cima para baixo.
O Tricolor ainda sem o maestro Hernanes, em fase de aprimoramento físico, mas com Nenê bem, cheio de fôlego no começo da temporada e, sobretudo, com Pablo.
Os dois grandes ganharam seus dois jogos, o Santos com cinco gols, o São Paulo com sete.
Ambos querem a bola o tempo todo e jogam mais pelo chão que pelo alto, o que não é exatamente uma novidade, embora seja sempre bom de assistir.
Gentil Cardoso (1906-1970), lendário treinador de todos os grandes do Rio, do Corinthians, campeão estadual pelos três times do Recife, onde nasceu, já ensinava nos anos 1930/40/50/60: “Se a bola é feita de couro, se o couro vem da vaca e se a vaca come capim, então a bola gosta de rolar na grama e não ficar lá por cima; portanto, meus filhinhos, vamos jogar com ela no chão.”
É o que querem Sampaoli e Jardine, no que fazem muito bem.
Ainda mais porque o Palmeiras de Felipão prefere jogar na base de ligações diretas e o Corinthians de Carille, ao menos por enquanto, levanta bolas na área como se fosse um time inglês de antigamente.
As equipes do argentino Sampaoli sempre procuraram jogar bom futebol e as da base tricolor, com o comando do gaúcho Jardine, também.
Pena que sob o regime de torcida única, graças à incapacidade da Federação Paulista de Futebol e de seus filiados em fazer enorme mobilização para acabar com a medida que levou o Guarani, tão precisado de renda, a receber o Corinthians no Brinco de Ouro da Princesa com apenas 7.725 bugrinos, quando provavelmente dobraria o número caso os corintianos também pudessem ir.
Mas os clubes brasileiros são assim, como gado indo para o matadouro. No máximo, berram. E morrem lentamente.
É tetra!
A garotada tricolor pareceu encaminhar seu tetracampeonato na Copa São Paulo sem maiores dificuldades.
Com o 2 a 0 logo no começo do segundo tempo tudo aparentava estar resolvido.
Não contava com a reação dos meninos do Vasco.
Sob tempestade e ventania, conduziram a Nau do Almirante ao empate de maneira heroica e deram até a impressão de que virariam.
Daqueles títulos que se divididos ficariam mais justos, coisa que só passa na cabeça de românticos inveterados nestes tempos competitivos —enlameados e alaranjados.
Nestor e Antony do lado tricolor, e Lucas Santos do cruzmaltino, merecem ser olhados com muito carinho.
O vascaíno, 1,64 m, por sinal, aparentemente marrento como o Baixinho Romário e três centímetros menor.
Nestor passa a bola como gente grande e Antony, 7 às costas, parece como os pontas de antigamente.
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