Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Descrição de chapéu Campeonato Paulista

Edição 2019 do Paulistinha é o que temos para o momento

Acabou a síndrome de abstinência de futebol. Mas um Rio-SP seria muito melhor

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Quando o torneio estadual de São Paulo era realmente importante todos o chamavam pelo nome: Campeonato Paulista.

A partir do momento em que passou a ser desimportante, começou a ser tratado como Paulistão. E pegou.

Aqui, para irritação de muitos, mas sem a menor intenção de irritar quem quer que seja, é tratado no diminutivo, mera reação à marquetagem que, em vez de ajudar a vender bons produtos, trata apenas da embalagem.

Meia Hernanes é um dos principais reforços do São Paulo para a temporada 2019
Meia Hernanes é um dos principais reforços do São Paulo para a temporada 2019 - Divulgação/SPFC

Diminutivo que já conta com a honrosa adesão de muitos companheiros na imprensa e até do atual presidente palmeirense.

Muito melhor que falar do começo do Paulistinha seria tratar da primeira rodada de um torneio Rio-São Paulo.

Em vez de RB Brasil e Palmeiras estaríamos falando de Flamengo e Palmeiras, já pensou?

No lugar de Corinthians e São Caetano, o tema seria Corinthians e Botafogo, Fluminense e São Paulo, Santos e Vasco.

Todos em começo de temporada, mostrando suas novidades em busca de entrosamento, nos bons estádios do Maracanã, Morumbi, Nilton Santos, São Januário, do Corinthians e do Palmeiras.

“Ah, seu elitista”, dirão a rara leitora e o raro leitor interioranos. 

“E o que fazer com nossos clubes?”, perguntarão.

A resposta já foi dada mil vezes: deveriam disputar o estadual durante toda a temporada, sob, aí sim, um marketing inteligente que estimulasse a saudável rivalidade entre as cidades, Campinas e Ribeirão Preto, São José dos Campos e Taubaté, Araraquara e Rio Preto e por aí afora.


Até porque não pode ser elitista uma posição em defesa das maiores massas torcedoras de São Paulo e do Brasil.

Mas o Paulistinha é o que ainda temos para o momento e para distrair quem só não entrou no desespero absoluto pela crise de abstinência do futebol porque, aleluia!, existe a Premier League, a Copinha São Paulo e, desculpem os mono esportistas, a NBA do espetacular Golden State Warriors, capaz de fazer 51 pontos apenas no primeiro quarto de um jogo de basquete. 

Para não falar do Aberto da Austrália com o não menos extraordinário, e aparentemente eterno, Roger Federer pelas madrugadas sem fim coladas na NBA.

Voltemos ao Paulistinha.

Sim, será importante para o novo São Paulo do velho e ótimo Hernanes, e a bela aquisição Pablo, caso quebrem o incômodo jejum desde 2005. 

Ou para o reforçado Corinthians, outra vez sob o comando do Mago Carille, buscar o tricampeonato que não se repete desde 1939 —80 anos atrás.

Para o Palmeiras, de Ricardo Goulart e tantas opções, na fila a partir de 2008 e traumatizado com a perda do Paulistinha, em casa, para o maior rival no ano passado.

Ou, ainda, para o Santos, do irrequieto Jorge Sampaoli, manter, pelo menos, a hegemonia estadual nesta década, com quatro títulos.

Sim, sempre haverá o que festejar, embora, ao cabo da temporada, sirva no máximo como consolo.

Neste domingo mesmo, 20 de janeiro, data do triste 36º aniversário da morte de Mané Garrincha, o segundo melhor artista com a bola nos pés da história do futebol, o atual campeão Corinthians tem desafio: o de empatar o confronto direto com o São Caetano, no 31º jogo entre ambos desde 2000, com 13 derrotas e 12 vitórias no geral, apenas quatro triunfos, e cinco reveses, em 12 embates pelo estadual.

Como disse Chico Buarque (“Vamos ao que pode!”) nos tempos da ditadura, ao apresentar seu rock Baioque em show sob censura, vamos ao que temos!

Divirta-se.

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