Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Ganhar Copa América é obrigatório, perder é vexame

Para Tite, também será necessário que a seleção jogue bem e encante

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A Copa América está para a seleção brasileira assim como o Campeonato Paulista esteve para o Palmeiras nos dois últimos anos: ganhar é obrigatório, perder é vexame. Ainda mais em casa.

O Brasil já sediou o torneio quatro vezes e sempre ganhou, em 1919/22/49 e 1989, o que significa metade dos títulos da seleção, os outros conquistados em 1997/99/04 e 2007.

Surpreenda-se, ou não, mas, com 15 taças, uma a mais que a Argentina, o Uruguai é o maior vencedor.
Como se sabe, o Chile é o atual bicampeão, 2015/16, com o time montado por Jorge Sampaoli.

O técnico Tite durante treino da seleção brasileira no Pacaembu, em São Paulo
O técnico Tite durante treino da seleção brasileira no Pacaembu, em São Paulo - Nelson Almeida/AFP

E por que o torneio, o mais antigo entre seleções principais, desde 1916, deixou de ter a importância de outros tempos, pelo menos para nós, brasileiros?

Um pouco por soberba depois que a taça Jules Rimet veio morar definitivamente, para ser roubada, no Brasil tricampeão mundial em 1970. Quem se habitua com lagostas passa a desprezar sardinhas.

Depois porque a globalização aproximou países mais distantes, criou novas rivalidades, diminuiu algumas antigas, embora ainda haja quem alimente sentimentos hostis, e imbecis, em relação, por exemplo, aos argentinos.

Argentinos que estão aí com Lionel Messi à frente, maior atração da Copa, disposto a, enfim, ganhar uma competição com a camisa azul e branca.

Finalmente porque o futebol jogado no continente americano caiu para a segunda divisão mundial.

Os melhores jogadores que desfilarão em gramados brasileiros estão todos na Europa, a dupla de atacantes uruguaia Luis Suárez e Cavani, inclusive.

Dificilmente o título escapará do trio Argentina/Brasil/Uruguai, não só os maiores ganhadores sul-americanos como os únicos do continente a ganhar Copas do Mundo, nada menos que 9 vezes em 21 edições, e 37 das 45 Copas Américas.

E aí está mais uma razão para o certame continental ter perdido importância.

Desde a vitória brasileira na Copa do Mundo da Ásia, em 2002, nunca mais uma seleção sul-americana sagrou-se campeã e apenas uma vez, em 2014, chegou à final, com a Argentina.

Também no Mundial de Clubes, anual, a última conquista deste lado do mundo deu-se em 2012, com o Corinthians, e, de lá para cá, em seis edições, por três vezes os vice-campeões foram africanos ou asiáticos.

Os jogadores que nascem na América não perderam protagonismo, é a mais pura verdade, mas os times sim.

Daí, o que esperar da seleção brasileira, nesta sexta no Morumbi, contra a Bolívia que só deve ser páreo na altitude?

Primeiramente, leveza, a salvo de carros da polícia ou de oficiais de Justiça.

Porque sem a presença de Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero e... Neymar.

Por incrível que pareça, e por mais polêmica que traga, a ausência do melhor jogador brasileiro soa atraente, desperta menos antipatia.

Pode ser a chance para Philippe Coutinho assumir o comando técnico e desfazer a má impressão pela temporada espanhola.

Ou a possibilidade para o time todo jogar sem passar necessariamente pela estrela cadente e espalhafatosa.

Ganhar a Copa América pela quinta vez no país não é só o que resta a Tite, porque será preciso mais.

Será necessário jogar bem, encantar como não acontece desde as eliminatórias para a Copa da Rússia —único caminho para receber aplausos e carinho no Morumbi, em Itaquera, na Fonte Nova e, quem sabe, no Maracanã, em vez do descaso visto no Mané Garrincha, mais vazio que cheio, e no Beira-Rio, às moscas.

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