Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Neymar decide para seleção enquanto Pedro se destaca no Flamengo

Um brilhou no Peru e está na cola de Pelé. Outro reluz no rubro-negro, mas até quando?

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Neymar é mesmo um caso especial na história da seleção brasileira.

Fez três gols, sofreu dois pênaltis e bateu o escanteio que originou outro dos quatro tentos na vitória sobre os peruanos por 4 a 2.

Mesmo assim não cai nas graças de boa parte dos torcedores por ser visto como excessivamente individualista, menos preocupado em jogar para o time.

Está a apenas 14 gols de superar o aniversariante do mês —o Rei Pelé, prestes a completar 80 anos— como maior artilheiro da história da seleção, embora não caibam outras comparações entre os dois.

Pelé tem 77 gols em 92 jogos e Neymar 64 em 102.

A média do Rei é de 0,83 gol e a dele de 0,62.

Mas superou Ronaldo Fenômeno, 62 gols em 98 partidas, média de 0,63.Melhor em campo em Lima, o ex-santista, aos 28 anos, ainda é olhado de esguelha por muita gente —e se a rara leitora e o raro leitor procurarem saber por que não terão muita dificuldade.

Tirante as confusões de sua vida de popstar, como tachar Neymar de pouco coletivo depois de jogo em que só não fez chover na capital do Peru? Como se sabe, Lima é uma cidade cujas casas não têm telhado, porque lá jamais chove —e era só o que faltava pedir milagres a Neymar.

Está certo que ele ainda não mostrou no time de Tite a maturidade das últimas atuações no PSG, talvez por ser andorinha solitária na seleção canarinha e no campeão francês ter Mbappé para dividir o protagonismo.

E é verdade que as Eliminatórias sul-americanas nos ensinaram que estão para a Copa do Mundo assim como os campeonatos estaduais para o Brasileiro, ou seja, são do tipo me engana que eu gosto.

O enfrentamento com europeus está quase impossível e fica difícil avaliar o verdadeiro estágio do time amarelo, excessivamente cadenciado nos dois jogos feitos até agora, embora com nove gols marcados.

Tudo considerado, talvez fizesse bem aos humores nacionais se houvesse um pouco mais de boa vontade com ele.

Vamos tentar?

Pedro, do Flamengo, comemora gol contra o Goiás, pelo Campeonato Brasileiro
Pedro, do Flamengo, comemora gol contra o Goiás, pelo Campeonato Brasileiro - Ricardo Moraes - 13.out.20/Reuters

Já Pedro não precisa de esforço algum para ser visto com simpatia, embora desperte aquele incômodo sentimento de saudades antecipadas, porque se mantiver o ritmo atual logo mais estará de malas prontas de volta à Europa.

Em 30 jogos desde que chegou ao Flamengo, Pedro, 23 anos, 1,87m, marcou 16 gols, um a cada dois jogos, o que por si só estaria muito bom.

Ocorre que ele nem é o centroavante titular, posto de Gabigol, e esteve em campo por 1.400 minutos completados na última terça-feira (13), o equivalente a 15 jogos, o que dá mais de um gol por partida.

Revelação do Campeonato Brasileiro de 2018 pelo Fluminense, era o artilheiro com dez gols em 19 jogos quando uma lesão o tirou dos gramados por oito meses.

Ao voltar logo foi negociado com a Fiorentina e acabou repatriado pelo Flamengo por empréstimo ao custo de 1 milhão de euros, mas com preço fixado, a bagatela de 10 milhões de euros.

A Gávea tentará ampliar o prazo da cessão a se esgotar em dezembro e, se não conseguir, tratará de depositar os 9 milhões faltantes.

Transação fechada, será só esperar um Real Madrid, Barcelona ou qualquer gigante inglês para vendê-lo por cinco vezes mais.

O que dá pena, dá raiva e revela nossa indigência.

Enquanto o desfecho não chega, admiremos o futebol precioso, frio, com extraordinário senso de colocação, do jovem rubro-negro de coração.

É o que nos resta e não é de hoje.

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