Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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História do Brasil mente ao antecipar em um dia data vergonhosa do golpe

Não havia, portanto, nada a festejar nesta quarta, como não há nesta quinta (1º)

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Faz 57 anos que o Brasil amanheceu golpeado por um movimento civil-militar com a justificativa mentirosa de barrar a corrupção e o comunismo.

A mesma que até hoje alimenta corruptos e fascistóides para manter seus privilégios neste país de contrastes como nenhum outro —a Belíndia, como o batizou o economista Edmar Bacha.

O dia 31 de março marcou sim o começo da Operação Brother Sam, pelos Estados Unidos, para apoiar o golpe de 64.

Não havia, portanto, nada a festejar nesta quarta, como não há nesta quinta (1º), a menos que você goste de Arrigo Sacchi, de Tita, Washington, Marinho e Jonas, todos aniversariantes do dia.

Sacchi completa 75 anos, é tido como o melhor técnico italiano de todos os tempos, apesar de ter perdido a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, para a seleção brasileira, naquela que foi a pior finalíssima das Copas, talvez porque disputada sob sol senegalesco no estádio Rose Bowl, em Pasadena, Los Angeles.

Houve jornalista que tenha queimado a mão na tampa do computador portátil e brigado com uma colega americana que não quis dividir raro copo d’água aparecido já na angustiante disputa de pênaltis. “Até na guerra não se nega água para o inimigo”, ouviu-se na mal ajambrada tribuna de imprensa, também embaixo do astro-rei que naquele dia resolveu aparecer com todo calor que pode transmitir.

Sacchi é o autor da frase sobre ser o “futebol a coisa mais importante entre as menos importantes”, no que é fartamente superado pelo escocês Bill Shankly, célebre treinador e gerente do Liverpool ao cravar: “O futebol não é questão de vida ou de morte: é muito mais que isso”.

Já Tita, 63, jogou no melhor Flamengo da história, campeão mundial em 1981, além de ter vencido a Libertadores também pelo Grêmio, o Brasileiro também pelo Vasco, a Copa da Uefa pelo Bayer Leverkusen, o Campeonato Mexicano pelo Léon, o Guatemalteco pelo Comunicaciones e a Copa América pela seleção brasileira.

Washington, 46, o “Coração Valente”, outro aniversariante do dia, centroavante que brilhou no Inter, onde foi campeão gaúcho, no Fluminense, duas vezes artilheiro do Brasileiro, campeão japonês em 2006, pelo Urawa Red Diamonds, e brasileiro, em 2010, pelo Flu.

O surinamês naturalizado holandês Clarence Seedorf completa 45, meio-campista que foi campeão mundial por simplesmente três clubes diferentes: o Ajax, o Real Madrid e o Milan. Não satisfeito, aos 37 anos, disputou o Brasileiro pelo Botafogo e ganhou a Bola de Prata.

E tem Marinho. Qual? Não é o do Santos, nem mesmo o Chagas, ótimo lateral esquerdo da seleção, do Botafogo, Fluminense, São Paulo, falecido precocemente em 2014, aos 62.

Quem se lembra do zagueiro Marinho, campeão brasileiro pelo Corinthians em 2005 e da Copa do Brasil, no Grêmio, em 2001?

Jogou 92 vezes com a camisa alvinegra, 86 delas como titular, até gols fez, cinco, lembra?

Pois eis que ele, revelado na base corintiana, faz hoje 45 anos e segue atuando, mesmo depois de se aposentar em 2009.

Defende atualmente o bravo Atlético Roraima, o Tricolor da Mecejana, na capital Boa Vista

Finalmente, o artilheiro Jonas, campeão estadual pelo Santos, pelo Grêmio, tetracampeão português pelo Benfica, centroavante habilidoso, aposentado, 37 anos. Mas fez gol indesculpável em 2007: aquele que rebaixou o Corinthians...

Não dá para comemorar. Mesmo!

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