Desta vez foi por um fio, ou pelo desvio na trave do maestro Paulo Henrique Ganso, que o líder isolado do Campeonato Brasileiro evitou perder para o Fluminense, novamente melhor em campo e incapaz de transformar a superioridade em vitória.
Em noite apagada de Gustavo Scarpa, talvez magoado pelas vaias de seus ex-torcedores no Maracanã, o Palmeiras se viu fortemente incomodado e envolvido pelo toque de bola tricolor, embora tenha marcado novo golaço de bicicleta, desta vez já motorizada de Rony, desperdiçado duas boas chances em erros de passes do rival e sofrido, sofrido bastante, para sair do Rio de Janeiro com o 1 a 1 para manter a vantagem de oito pontos sobre o vice-líder.
Saber sofrer virou chavão até melhor que os terceiros terços, linhas altas e baixas, modismos para descrever situações tão antigas como o futebol, porque, sabem a rara leitora e o raro leitor, a língua é viva e se renova, às vezes para pior.
Só que o Palmeiras sofre de maneira diferente.
Basta ter olhos para ver, esta uma velha expressão, a linguagem corporal dos jogadores alviverdes.
Não se vê um gesto parasita, um olhar esbugalhado, uma discussão entre eles, a frieza predomina mesmo nos piores momentos de pressão.
Ao Palmeiras não se concede o direito de jogar mal, do mesmo modo que se nega ao Flamengo, como aconteceu no segundo tempo para os paulistas —e para os cariocas contra o São Paulo, no Morumbi.
Aqui já se comparou, guardadas todas as proporções, a trajetória palmeirense dos últimos anos à saga vitoriosa do Bayern Munique. Há quem prefira compará-la à resiliência do Real Madrid, paralelos recusados por Abel Ferreira, principalmente quando é chamado, para sua irritação, de retranqueiro.
Inegáveis os cuidados defensivos do time menos vazado do campeonato com apenas 16 gols sofridos em 24 jogos.
A irritação se justifica plenamente porque o time é, também, o de melhor ataque, 38 gols, um a mais que o Fluminense —e que o Flamengo, antes de enfrentar o Botafogo.
Nem sequer se concedem ao Palmeiras os cuidados naturais para quem, nesta terça-feira (30), jogará, na Arena da Baixada, o jogo de ida das semifinais da Libertadores, contra o Athletico Paranaense. E olhe que o ninguém foi poupado no sábado (27), ou seja, ao Campeonato Brasileiro deu-se o devido respeito exigido pela crítica.
Em resumo: que graça tem apedrejar vitrines quebradas?
Utilidade pública
Fosse dono de uma emissora de TV, compraria os direitos do filme "O Debate" e o exibiria durante uma semana inteira nos mais variados horários para atingir os jovens que votarão pela primeira vez em 2 de outubro, os velhos que eventualmente o farão pela última e todos os demais eleitores que decidirão os rumos do país.
Dirigido por Caio Blat, com roteiro de Guel Arraes e Jorge Furtado, com atuações antológicas de Débora Bloch e Paulo Betti, a política, as relações conjugais e, sobretudo, as angústias da imprensa, desfilam com admirável realismo.
O único escorregão está na ausência de aviso, no começo ou no fim do filme: qualquer semelhança NÃO é mera coincidência.
Em tempo
Você já tinha visto alguém passar recibo como os bolsonaristas depois da entrevista de Lula ao JN?
Em tempo 2
Quem não está vendo os jogos do Manchester City não faz ideia do que está perdendo.
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