Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Era clássico para europeu ver

Palmeiras e Flamengo fariam jogo digno do que se vê na Inglaterra ou Espanha. Mas...

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Já contei aqui que desde o começo de minha carreira, quando acordava aos domingos em dia de clássicos, pensava nos jornalistas paraguaios e tinha pena deles.

Eu iria ver Santos x Palmeiras, Rei Pelé x Divino Ademir da Guia; Corinthians x São Paulo, Reizinho do Parque Rivellino x Gérson Canhotinha de Ouro.

Marcos Rocha domina a bola marcado por Everton no Allianz Parque
Marcos Rocha domina a bola marcado por Everton no Allianz Parque - Carla Carniel/Reuters

O colega guarani veria o quê? Cerro Porteño x Olímpia? Quem contra quem? O famoso ninguém contra o anônimo?

De uns anos para cá o quadro mudou e em domingos de Barcelona x Real Madrid, de Lionel Messi x Cristiano Ronaldo, ou de Liverpool x Manchester City, de Mohamed Salah x Kevin De Bruyne, acordava com inveja dos jornalistas espanhóis e ingleses.

Neste domingo (21), não!

Neste domingo acordei certo de que não haveria no mundo um jogo tão bom como Palmeiras x Flamengo, Gustavo Scarpa x Giorgian De Arrascaeta.

E não teria mesmo, apesar do belíssimo espetáculo proporcionado por Newcastle e City, horas antes, pela terceira rodada da Premier League.

Diga-se que jogo extraordinário, empate 3 a 3, daqueles em que o placar bailarino se explica mais pelo mérito dos atacantes que por deficiência das defesas.

O bicampeão inglês saiu na frente, tomou a virada de 3 a 1 e buscou a igualdade, com shows do belga De Bruyne, do francês Allan Saint-Maximin, do norueguês Erling Halland e do brasileiro Bruno Guimarães.
Jogo sem ter o clima decisivo do clássico brasileiro, nem por isso menor tecnicamente.

De fato, alviverdes e rubros-negros criaram uma expectativa dessas que o pessoal do The Guardian, ou do El País, adoraria viver e acompanhar de perto.

Mas, sempre tem um, escalações anunciadas, o Flamengo escolheu privilegiar a Copa do Brasil e pôs o time B.

Desrespeito ao torcedor, independentemente do resultado.

Virou um jogo comum ao diminuir a motivação alviverde e reduzi-lo apenas à busca de bom resultado para o qualificado misto rubro-negro. Não tinha Dom Arrascaeta, nem Pedro, nem Gabigol, nem Rodinei (epa!).
Aí, o jogo inglês ganhava de 5 a 0.

No intervalo quem vencia eram os cariocas, gol de Victor Hugo, em clássico sem brilho.
Sexta vitória da Gávea invicta em dez partidas pelo Brasileiro contra o rival, time B melhor que o A do líder, tudo isso, além de diminuição para seis pontos entre os dois, mas frustrante pela expectativa criada.

Só que não.

Porque Abel Ferreira há de ter incendiado o time no intervalo e o segundo temos acabou disputado em honra da casa: perder para os reservas? Nem pensar!

E de tanto buscar Raphael Veiga empatou 1 a 1, o que fez justiça ao jogo, embora sem fazer dele o que se esperava, isto é, se era para ser inesquecível, não foi.

Apenas mais um, mesmo que bom.

Achados


É claro que a rara leitora e o raro leitor sabem que esta FOLHA tem, entre seus colunistas, escritoras e escritores da melhor qualidade. Tantas e tantos que é quase impossível acompanhar.

Daí fazer aqui duas recomendações para quem estiver distraído: "Newton", de Luís Francisco Carvalho Filho, em franca concorrência com Franz Kafka, e "A vida futura", de Sérgio Rodrigues, como se fosse Machado de Assis.

Sabe a boa inveja? Pois é.

Se bem que tem um mas, porque sempre tem um mas.

São dois livros imperdíveis com o pecado de terem poucas páginas, 129 o primeiro, 166 o outro.
Aí você vai lendo cada linha com vontade de voltar à primeira para não chegar à última.

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