Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Libertadores

Donas e donos da América

As alviverdes paulistas e os rubros-negros cariocas na festa da Libertadores

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Pela ordem dos acontecimentos, primeiro foi o Palmeiras das mulheres que goleou o Boca Juniors em Quito e ganhou a taça inédita, importante entre outras razões por determinar o fim da hegemonia corintiana.

O 4 a 1 só foi possível pelo segundo tempo impecável, porque no primeiro houve motivo para temer a perda do título, tão perto as xeneizes estiveram de virar o 1 a 0 obtido no comecinho da decisão.

Ao voltar com os nervos em seus devidos lugares, as palmeirenses deram show e mantiveram a superioridade brasileira no torneio pela 11ª vez em 14 edições.

Melhor: passam a dividir a supremacia com as rivais alvinegras, afeanas, tricolores, coloradas e rubro-negras cariocas, assim como todas têm por que se preocupar com a clara evolução das hermanas pelo continente afora, que o digam exatamente as Brabas e a Ferroviária, precocemente eliminadas da competição continental disputada no Equador.

Quanto mais concorrência houver, melhor para o futebol feminino.

Palmeirenses mantiveram a superioridade brasileira no torneio - Galo Paguay/AFP

Já no masculino o rol se estreita.

Finalista pela terceira vez em quatro anos, o Flamengo voltou tricampeão de Guayaquil, também no Equador, ao derrotar o bravo Athletico Paranaense por 1 a 0, em jogo perfeito para demolir certezas.

Porque o velho Felipão surpreendeu o melhor elenco do país ao jogar de maneira como se fazia antigamente, ao marcar individualmente, homem a homem, os principais jogadores do Flamengo.

Mais: para não correr riscos de ver seu time perder a bola nas imediações da área, mandou fazer ligações diretas e ignorar o meio de campo.

Felipão e chutão sempre combinaram, mas marcar daquele jeito parecia ser algo que não pertencia mais ao futebol.

Pois pertenceu durante 43 minutos da final que até então encontrou o Flamengo incomodado, como se vítima de uma fraude, "não foi isso que viemos fazer aqui", e impotente.

Daí o zagueiro Pedro Henrique fez duas faltas duras, o assoprador de apito agiu de maneira inflexível e estragou o jogo ao expulsá-lo, embora nenhum dos cartões tenha sido exagerado. Sua senhoria não quis usar a famosa regra 18, a do bom senso.

Daí para o 1 a 0, mais uma vez dos pés de Gabigol, não se passaram nem cinco minutos, e a sorte estava selada.

Como teria sido se a partida seguisse 11 contra 11? Jamais saberemos. E se Fagner não chutasse no travessão o pênalti na decisão da Copa do Brasil, o título escaparia? Também nunca saberemos.
O que se sabe é que o Flamengo ganhou as duas copas e termina mais uma temporada no topo do pódio.

Porque o jogo é assim mesmo.

Detalhes são decisivos para decretar a glória ou a desgraça, às vezes para um lado, às vezes para o outro, mas, convenhamos, menosprezar a quantidade de conquistas recentes do Flamengo ou é mera cegueira ou é essa coisa horrorosa chamada trollagem, a velha provocação que as redes antissociais disseminaram feito praga tão a gosto de bolsominions e que tais.

Porque o Brasil também talvez não fosse pentacampeão mundial se a França não ficasse com dez na semifinal, em 1958; se a Espanha não tivesse o 2 a 0 anulado, em 1962; ou se o gol legal da Bélgica, em 2002, fosse validado.

O Mengão passa a fazer parte do seleto quinteto de brasileiros tricampeões continentais, com Santos, São Paulo, Grêmio e Palmeiras. Destes, só o time de Abel Ferreira é capaz de fazer-lhe sombra.

Melhor saudar as palmeirenses e os flamenguistas sem choro.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto afirmava incorretamente que são quatro os brasileiros tricampeões da Libertadores. São cinco, incluindo o Palmeiras.

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