Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu Copa do Brasil

Não são poucas as conclusões sobre o desfecho da Copa do Brasil

O que ficou da maior decisão, em 34 edições, do torneio mais democrático do país

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Depois de 180 minutos das finais da Copa do Brasil, o torneio que permite a um pequeno chegar ao cume do pódio, não são poucas as conclusões sobre seu desfecho.

Os rubros-negros têm por que comemorar o fim da noite feérica no Maracanã.

Chegaram a ver o tetracampeonato escapar até a quarta cobrança dos pênaltis e explodiram de alegria quando a cobrança de Fagner também explodiu, mas no travessão.

Rodinei levanta o troféu da Copa do Brasil vencido pelo Flamengo contra o Corinthians, no Maracanã
Rodinei levanta o troféu da Copa do Brasil vencido pelo Flamengo contra o Corinthians, no Maracanã - Carl de Souza-19.out.22/AFP

O que tinha começado tão bem com o gol de Pedro, logo no início do jogo, retomou o curso esperado para a decisão.

Como o futebol gosta de ser cruel, coube ao ex-vascaíno Mateus Vital decretar a morte do sonho alvinegro, bem ele que cresceu rival do Flamengo.

Ponderados os embates em São Paulo e no Rio, qualquer um dos vencedores na marca fatal mereceria a taça pela quarta vez.

Coube a alegria ao Flamengo, e não há como contestar, embora muitos corintianos se queixem do suposto pênalti que teria sido cometido por Léo Pereira no jogo de ida, algo que não aconteceu, mesmo que seja verdade ser comum, no Brasil, a marcação da penalidade em lances iguais. Um ou mais erros não justificam outros.

Aos torcedores do Corinthians restou a tristeza da última impressão, aquela que fica.

O time dominou o quarto tempo das finais, jogou muito bem, fez por merecer até virar depois do empate com o gol de Giuliano e, se mais uma vez Cássio abriu a porta para a vitória, as duas cobranças perdidas decretaram o digno vice-campeonato para quem chegou a calar a Nação.

Sacrificar perdedores de pênaltis extrapola a crueldade do jogo. Beira à desumanidade.

Fagner não deu chance a Santos e deu azar. Mateus Vital, coitado, fez o que fez.

Vítor Pereira pensou certo ao sair com três zagueiros e Lucas Piton como surpresa.

O gol logo aos sete minutos desconstruiu o plano, e sempre haverá quem diga que ele deveria ter feito imediatamente a troca por Adson, sem esperar o segundo tempo.

Fácil dizer depois do jogo jogado e do sufoco imposto ao rival com a entrada do atacante.

Lembremos: Adson nem chegou a completar os 45 minutos, tamanho o desgaste causado pelo esforço do jovem alvinegro.

Inegável que Róger Guedes perdeu um gol de maneira inacreditável, porque se tentar dez vezes jogar aquela bola por cima a chutará na rede em todas as tentativas. Não é menos verdade que Dom Arrascaeta também desperdiçou chance que não costuma perder, e seria o 2 a 0 nem bem o segundo tempo havia começado.

Há sim motivos de tristeza para a Fiel.

Porque o time superou os prognósticos realistas, transformou os pessimistas em força e despertou o gosto da vitória, para causar a frustração diretamente proporcional a quem troca o sabor do doce pelo amargor do fel.

Diz a ética do futebol que "o que acontece no campo, no campo deve ficar". OK! Daí as razões de sobra para a decepção corintiana.

Mas há outro lado, o de fora do campo.

Aí, convenhamos, o mais justo acabou pela conquista do clube da Gávea, porque sem recorrer ao doping financeiro de quem dá passos maiores que as pernas como o clube de Parque São Jorge.

Por antipático que seja, e doído nesta hora, é preciso registrar sempre a necessidade da isonomia na competição esportiva —e quem vive acima do orçamento descumpre a mais básica das regras.

O que não impede o carinho, nem a admiração, pelos que honraram a camisa no Maracanã.

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