Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Serão dois jogos para definir o futuro do Brasil e de SP. Sem mata-mata

Chegamos a um ponto tal que esta é a segunda coluna seguida que nem mistura o sempre misturável futebol com política

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Esta Folha é paulista e, por mais que a rara leitora e o raro leitor a leiam pelo Brasil, e pelo mundo afora, é do país e do estado que vamos tratar, embora na esperança de que dê Leite na terra do churrasco —e assim por diante em todos os rincões em que houver o embate entre democratas e bolsominions.

Deixemos bem claro para que não haja confusão: nem de longe imagine a negação de espaço à direita, porque, já dizia o Conselheiro Acácio, a democracia exige a divergência, o debate entre os contrários, aquela coisa do não concordar com nada do que dizes, mas defender até a morte o direito de dizer.

O limite, porque tudo tem limite, é não conceder o direito a quem prega a morte dos que defendem até a morte esse direito.

E aí já nem estamos apoiados em opinião, mas em fatos.

Juiz eleitoral defende o direito de votar em branco ou anular o voto
É disto que se trata: se vamos ganhar limpamente ou se vamos permitir a permanência da turma do mata-mata - Abdias Pinheiro/Secom/TSE /Divulgação

Nada pior para o jornalista, esteja do lado de que estiver (sim, porque todos têm lado), do que brigar com os fatos.

É fato ou não é fato que o sociopata um dia disse que "o erro da ditadura brasileira foi o de não ter matado uns 30 mil, o Fernando Henrique Cardoso, inclusive"?

Pobre ex-presidente que teria sido ceifado de 58 anos de sua duradoura existência, hoje aos 91, tão lúcido que está novamente do lado certo.

Então, é disso que se trata: se vamos ganhar limpamente os dois jogos ou se vamos permitir, nem que seja apenas no que decide o estadual, a permanência da turma do mata-mata entre nós, essa gente desejosa de exterminar a democracia por meio dela, com o requinte da produção industrial de mentiras, com caneladas de todos os tipos, golpes abaixo da cintura e gastança jamais vista para comprar o eleitorado.

Porque é óbvio que a derrota das forças fascistoides no jogo federal, caso haja vitória no estadual, exportará para São Paulo a escumalha hoje em torno do Palácio do Planalto.

Já imaginou o cara do passar a boiada, investigado por crimes ambientais, devolvido para cá para cuidar do que resta da Serra do Mar?

Ou a doidivanas da goiabeira na Secretaria da Educação?

Jegues na Fazenda? Ou um dos bozos na Segurança Pública?

O episódio em Paraisópolis não deixa margem à dúvida: se a câmera do policial, que eles querem tirar, não filmou, mande o cinegrafista apagar a cena comprometedora, ao que tudo indica de execução pura e simples de alguém aparentemente desarmado.

Rara leitora, raro leitor: é muito grave!

Maravilha nos livrarmos deles para Brasília ser ocupada pela frente ampla disposta a reconstruir o país.

Só que São Paulo é tão vital no processo como é essencial impedir que nos tomem de assalto.

Veja quanta loucura e impostura vivemos só nesses dias —porque se formos falar dos últimos quatro anos nos lembraremos sempre de quase 700 mil mortes, grande parte delas evitável se houvesse competência e amor à vida–: crianças desdentadas para fazer sexo oral, pintou um clima, 50 tiros de fuzil e mais três granadas, fraude nas inserções da propaganda eleitoral no rádio, além de planos de golpe nas aposentadorias, no salário mínimo etc.

Chegamos a um ponto tal que esta é a segunda coluna seguida que nem mistura o sempre misturável futebol com política.

É só política.

O motivo é óbvio: o colunista viu a seleção de 1970 ser expropriada pela ditadura, e bastou. Quer voltar a vê-la de todos e poder criticar o próximo governo democrático sem temor.

É lá e aqui.

Em tempo: viva o Xandão!

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