Fluminense e Internacional fizeram jogo no Maracanã para ser cantado em prosa e verso durante muito tempo. Só não podem estragar a belíssima impressão na partida de volta, agora no Beira-Rio, na quarta-feira (4).
O 2 a 2 seria exaltado tanto em Wembley quanto no Santiago Bernabéu.
Já o 0 a 0 entre Boca Juniors e Palmeiras acabou sendo o de sempre, mais luta que futebol, embora bom para os alviverdes.
Fernando Diniz, por acaso o treinador interino, tampão, flanelinha da seleção brasileira, estava à beira do gramado do jogaço e teve farta responsabilidade pela qualidade do clássico, audacioso a ponto de fustigar os gaúchos com quatro atacantes, a saber: Jhon Arias, John Kennedy, Germán Cano e Keno, com maior destaque para Arias e Cano.
Do outro lado, o treinador argentino Eduardo Coudet topou o desafio e se propôs a não dar sossego ao rival, para o que contou com a exuberância da arte de Enner Valencia.
Não só, é claro, ele que comanda o mais internacional dos clubes brasileiros, com nada menos que nove jogadores nascidos fora do Brasil: Valencia, Rochet, Mercado, Bustos, De Pena, Nicolás Hernández, Aránguiz, Johnny e Wanderson.
Wanderson nasceu na Bélgica, e até defendeu a seleção belga sub-16, embora tenha também cidadania brasileira, filho do ex-jogador Wamberto, revelado pelo maranhense Sampaio Corrêa e de carreira quase toda entre a Bélgica e a Holanda.
Se no time do Palmeiras havia apenas dois estrangeiros na Bombonera, Gustavo Goméz, o mais valioso do plantel, e Piquerez, no Maracanã quem desequilibrou foram mesmo o equatoriano Valencia, o colombiano Arias e o argentino Cano.
Sem eles o espetáculo perderia, e, que pena, Diniz não pode convocá-los.
Alguma coisa contra trazer bons jogadores forasteiros?
Nada, ao contrário.
Apenas a constatação de que trocamos nosso embevecimento com as atuações de Alisson e Ederson, de Casemiro e Vinicius Junior, de Rodrygo e Martinelli, pelos gramados europeus, pela curtição de uma porção de hermanos sul-americanos, quando poderíamos tê-los sem abrir mão dos nossos, fossem os clubes brasileiros dirigidos no modo Século 21, não no do 20.
Mas estamos a caminho, eternos otimistas que somos.
É o Mano, mano
O Corinthians nem esperou perder para o São Paulo (se é que perderá, pois esta coluna é publicada antes do Majestoso) e, para não demitir seu 16º técnico depois de derrota para o Tricolor, tratou de mandar Vanderlei Luxemburgo embora antes do clássico.
Não fez bem nem mal, porque não deveria tê-lo contratado.
Trouxe Mano Menezes pela terceira vez com a indigesta missão de classificar o time para a final da Copa Sul-Americana.
Buscará empatar no Castelão diante do Fortaleza que lhe é superior e contar com Cássio para novos milagres.
Convenhamos, o ex-dono de bingo que preside o clube o transformou num raro cassino em que a banca perde.
Porque até se desta vez ganhar a aposta, mesmo que derrote o São Paulo e venha a superar o Fortaleza, a gestão de Duilio Monteiro Alves é tudo o que um gigante como o Corinthians deve repelir. Até porque, no término de seu mandato, impôs Mano até 2025.
O pior é que haverá eleição em fins de novembro, e as opções são como se a rara leitora e o raro leitor tivessem que escolher entre Fernando Collor e Jair Bolsonaro: corrupção com liberdade ou corrupção com truculência.
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