Lúcia Guimarães

É jornalista e vive em Nova York desde 1985. Foi correspondente da TV Globo, da TV Cultura e do canal GNT, além de colunista dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo.

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Lúcia Guimarães

Cúmplices de Trump e Bolsonaro que ficam em silêncio não podem ter paz

Ao se calar, Carlos Wizard enlameia os mórmons, cujos ensinamentos enfatizam honestidade, integridade e obediência à lei

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Quantos têm sangue nas mãos? Quantos dos que têm sangue nas mãos vão ficar em liberdade? E quantos mais vão continuar a ser bem-vindos nos restaurantes frequentados pelas elites de Brasília e Washington?

O silêncio covarde e anticristão de Carlos Wizard Martins, membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, pode ser protegido pela Constituição, mas vai contra os preceitos da religião na qual ele foi designado um missionário.

O empresário Carlos Wizard participa de sessão da CPI da Covid no Senado
O empresário Carlos Wizard participa de sessão da CPI da Covid no Senado - Pedro Ladeira/Folhapress

Carlos Wizard enlameia os mórmons, cujos ensinamentos enfatizam honestidade, integridade e obediência à lei. Os mórmons não defendem participar de um criminoso governo paralelo, promover doença e morte com charlatanismo ou viajar aos EUA e tomar vacina da Pfizer, enquanto seus compatriotas morrem por terem negada a mesma vacina pelos seus cúmplices.

Entre os conservadores americanos, os senadores mórmons foram os primeiros a se destacar dos evangélicos do Partido Republicano quando Donald Trump fazia campanha pelo notório pedófilo Roy Moore para o Senado, no Alabama. Devemos a eles o impulso inicial para bloquear Moore, em 2018.

O silêncio de evangélicos brancos americanos diante da depravação de um presidente acusado —com credibilidade— de estupro e assédio sexual foi ensurdecedor, um achincalhe ao cristianismo. E só aumentou quando o mesmo presidente trancou crianças em jaulas na fronteira, celebrou o apoio de neonazistas, demonizou religiões, grupos raciais e, por fim, promoveu a morte de americanos, mentindo sobre a pandemia, tomando medidas que o tornam responsável por boa parte das 604 mil mortes.

Lá Fora

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Qual a diferença entre o silêncio dos que assistiram à marcha para a morte em massa dos corredores da Casa Branca e o silêncio do premiado e lendário jornalista Bob Woodward?

No dia 7 de fevereiro de 2020, Trump confessou a Woodward, por telefone, a gravidade da pandemia que chegava, enquanto continuou a ridicularizar alertas de epidemiologistas e a sabotar medidas de emergência. Woodward guardou o segredo do público por sete meses até lançar seu best-seller “Raiva”, sobre os bastidores da crise.

E o que dizer do silêncio do ultraconservador John Bolton, ex-assessor de Segurança Nacional? Ao sair, Bolton ganhou US$ 2 milhões (R$ 9,97 milhões) para contar o que sabia em livro e guardou para o lançamento das memórias toda sujeira de Trump que testemunhou em política externa. Assim, ele não depôs no primeiro processo de impeachment do hoje ex-presidente, iniciado exatamente devido a sujeira na política externa.

O silêncio de dois ex-ministros da Justiça, o católico Sérgio Moro e o metodista trumpista Jeff Sessions, é imoral e anticristão. Ambos foram membros e testemunhas privilegiadas de governos que cometeram crimes. Não precisam abrir as bíblias que usam para encobrir sua hipocrisia para saber que não fazer a coisa certa é um pecado de omissão.

Tudo indica que nesta quinta-feira (1º) as Organizações Trump e seu principal executivo financeiro, Allen Weisselberg, serão indiciados num tribunal nova-iorquino por crimes fiscais, faltas menores diante da onda de criminalidade que marcou os quatro anos da última Presidência republicana.

No momento, não há qualquer sinal de que Trump possa um dia vestir um macacão laranja. Mas a destruição que ele iniciou em 2017 e Bolsonaro imitou, a partir de 2019, não vai ser reparada apenas com algemas. Os que ficaram em silêncio não podem ter paz.

Erramos: o texto foi alterado

O ex-ministro da Justiça Sergio Moro não é evangélico. Ele é, na verdade, católico. O texto foi corrigido.

 

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