Lúcia Guimarães

É jornalista e vive em Nova York desde 1985. Foi correspondente da TV Globo, da TV Cultura e do canal GNT, além de colunista dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo.

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Descrição de chapéu tecnologia

Alerta dos EUA contra danos de redes sociais à saúde mental é incomum e urgente

Artigo de diretor de Saúde Pública afirma que excesso de tempo online pode dobrar riscos de depressão e ansiedade

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O alerta do principal assessor de saúde pública do governo federal americano sobre o "risco de profundo dano" à saúde de crianças e adolescentes por excesso de uso das redes sociais é incomum e urgente.

Mais de uma década após os smartphones se tornarem amplamente equipados com apps de videogames e mídias sociais, ainda não há suficiente conhecimento epidemiológico para determinar o vínculo inegável entre as horas passadas na tela e doenças mentais, como é o caso da relação entre cigarro e câncer.

Catarina Pignato

Mas não há dúvida de que as redes sociais e os videogames são programados para satisfazer a parte do cérebro que busca prazer e é comprovadamente associada a tabagismo, dependência de drogas e vício em jogos de azar.

O médico Vivek Murthy, diretor de Saúde Pública nomeado por Joe Biden, emitiu um documento de 19 páginas e publicou um artigo no jornal The Washington Post sobre o tema. Ele é autor do livro "O Poder Curativo das Relações Humanas", lançado no Brasil no ano passado.

Há anos, psiquiatras e psicólogos vêm alertando sobre o aumento de casos de distúrbios que vão da depressão a transtornos alimentares causados por baixa autoestima pelo uso excessivo de redes sociais. Murthy afirma que os adolescentes americanos passam uma média de três horas e meia por dia online, o que segundo ele, pode dobrar o risco de depressão e ansiedade.

Ele reconhece que games e aplicativos sociais podem ter potencial benéfico no desenvolvimento psicossocial. As premiações nesta indústria têm reconhecido games que promovem o engajamento comunitário, não o isolamento.

A brasileira nascida nos EUA Luisa Dantas é uma veterana criadora de conteúdos multimídia que promovem justiça social e produtora executiva e editora de narrativa de Dot’s Home (a casa de Dot), premiado como melhor game de 2022 na categoria de impacto cultural entre os aplicativos, escolhidos pela Apple.

Dot’s Home acompanha a jovem negra Dorothea, que mora com a avó em Detroit, numa incursão sobre passado e presente da sua vizinhança e mostra como as transformações urbanas decidem o futuro de minorias raciais.

Dantas diz à Folha que, mais de um ano depois do lançamento, o game repercutiu muito além das expectativas de audiência de minorias e provocou discussões entre um público maior sobre as relações entre moradia e raça nos EUA. Dot’s Home vai ganhar uma versão encenada e interativa em Detroit.

Na semana passada, a atriz Kate Winslet fez um discurso passional ao receber o mais importante prêmio britânico de cinema e televisão, o Bafta. Winslet e sua filha na vida real, Mia Threapleton, vivem mãe e filha em "I am Ruth" (eu sou Ruth), um drama poderoso exibido pela primeira vez em dezembro passado.

O filme acompanha a batalha da mãe que descobre o isolamento e a escalada de autodestruição da filha quando ela se torna alvo de ódio na rede social. Winslet denunciou a inação de governos e empresas de mídia e pediu a erradicação de conteúdos de ódio que mantêm famílias como "reféns do mundo online".

Ela se dirigiu aos jovens, dizendo: "Esta não precisa ser sua vida." E concluiu: "Queremos nossos filhos de volta, não queremos passar noites em claro aterrorizados por sua saúde mental".

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