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No auge da crise, Detroit parecia ter sido atacada por zumbis

Dez anos atrás, metrópole vivia período de decadência, com ruas vazias, comércio falido e casas incendiadas

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São Paulo

A temperatura estava pouco acima de zero grau quando uma das principais avenidas de Detroit, a Washington Boulevard, foi tomada por 120 cabeças de gado longhorn (chifre longo), caubóis e seus cavalos.

A cena ocorreu no dia 13 de janeiro de 2008, um domingo, e serviu apenas para apresentar uma picape da Dodge, que surgiu reluzente, escoltada pelo rebanho. A cidade do automóvel definhava lentamente ano após ano, mas não perdia a pose nem o apego ao espetáculo motorizado.

Toda a ação se concentrou em frente ao Cobo Hall, pavilhão que tradicionalmente sedia o Salão do Automóvel de Detroit --o evento era o motivo de se estar na região. A equipe estava hospedada a 300 metros dali, no Renaissance Center. O complexo, que pertence à General Motors, é famoso por suas torres circulares envidraçadas.

Entre o Cobo e o Renaissance está a reprodução da mão e do braço direitos do pugilista Joe Louis, uma instalação de sete metros suspensa por cabos de aço, obra do escultor Robert Graham.

Esse ambiente traduz o que Detroit foi e o que pretende voltar a ser, uma mistura de opulência e arte. É o cenário visto através da janela do People Mover, o trenzinho de dois vagões que se move sobre trilhos suspensos e percorre o anel central da cidade.

Do alto, suas estações passam ao largo dos problemas de Detroit, revelados no conselho dado por um atendente do hotel Marriott Renaissence em alguma viagem entre 2009 e 2010. "Evite descer em Greektown, é perigoso andar por lá."

A dica causou estranheza. Fazia muito frio, era meio-dia e a cidade estava esvaziada devido à crise financeira que explodiu em setembro de 2008. Parecia natural aproveitar o tempo livre e buscar almoço num lugar boêmio que concentra restaurantes.

A incursão pelo bairro grego não durou mais do que cinco minutos. O vento gelado, as ruas vazias e o comércio falido remetiam a um apocalipse zumbi.

A volta a Detroit se repetiu nos anos seguintes, quase sempre em janeiro. A cada ida aos distritos vizinhos, onde ficam a maioria das fábricas de automóveis, a decadência se revelava por detrás dos monturos de neve.

Casas incendiadas se multiplicavam à beira das rodovias. Pelos cálculos dos bombeiros, cerca de 17 mil residências abandonadas foram queimadas entre 2014 e 2018.

Em 2013, ano em que a cidade teve a falência decretada, os discursos de candidatos a prefeito eram baseados no combate à violência. Quem assistiu aos filmes "Um Tira da Pesada" e "Robocop" sabe o quanto o problema era antigo, mas, naquele momento, com a economia em pandarecos, a região chegava a seu ponto mais baixo.

As coisas começaram a melhorar no fim de 2014. Jovens passaram a ocupar imóveis próximos à área central que sobreviveram ao fogo. As casas eram compradas pelo valor simbólico de um dólar, mas precisavam de reforma pesada. Surgiram lojas de comida orgânica, ateliês e pequenas galerias de arte.

Desde então, restaurantes tradicionais retomaram um público disposto a deixar a segurança dos shoppings para jantar no London Chop House e no Giovanni's.

Em uma rara ida a Detroit no verão dos Estados Unidos, em julho de 2016, foi possível passear a pé pela cidade que ressurgia. Havia ainda muitas casas abandonadas e lojas fechadas, mas as ruas bem cuidadas e o comércio hipster emitiam sinais de melhora.

Contudo, o processo de recuperação é lento.

O lado que preservava a decadência se revelou quando peguei um táxi e segui para uma farmácia. A CVS escolhida pela motorista ficava em uma rua de construções baixas. No lugar dos jovens de camisas xadrez bem nascidos estavam representantes da população marginalizada, sentados em frente a casas semidestruídas.

Na farmácia, até xampu e escova de dentes ficavam em prateleiras com tampas de acrílico, trancadas a chave.

Hoje, as áreas principais seguem em recuperação. Greektown voltou a dar cores à noite de Detroit, embora ainda tenha prédios abandonados. Com o turismo de ruínas, algumas áreas devem continuar como estão hoje. São tributos às crises e à resiliência.


Pacotes

US$ 486 (R$ 2.021) 
5 noites em Detroit, na Sem Fronteiras (semfronteiras.tur.br)
Pacote válido para abril de 2020. Hospedagem em quarto duplo, no The Siren Hotel, sem regime de alimentação. Inclui passeio que conta a história da cidade. Sem passagem aérea

R$ 4.573 
5 noites em Detroit, na Decolar (decolar.com
Saída em 8 de outubro. Hospedagem em quarto duplo, no hotel Rivertown Inn & Suites Downtown, sem regime de alimentação. Não inclui passeios ou extras. Com passagem aérea a partir do aeroporto de Guarulhos (SP)

R$ 5.164 
7 noites em Detroit, na Decolar (decolar.com
Saída no dia 3 de outubro. Hospedagem em quarto duplo, no hotel Rivertown Inn & Suites Downtown, sem regime de alimentação. Não inclui passeios. Com passagem aérea a partir do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo

R$ 5.292 
6 noites em Detroit, na Submarino Viagens (submarinoviagens.com.br)
Hospedagem em quarto duplo, no hotel Victory Inn - Mount Clemens, com café da manhã. Sem extras. Inclui passagem aérea a partir de São Paulo

R$ 5.828 
4 noites em Detroit, na Azul Viagens (azulviagens.com.br)
Saída no dia 20 de novembro. Hospedagem em quarto duplo, no hotel Rivertown Inn & Suites Downtown Detroit, sem regime de alimentação. Não inclui passeios. Com passagem aérea a partir do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP)

R$ 6.447 
6 noites em Detroit, na CVC (cvc.com.br
Hospedagem em quarto duplo, no hotel Baymont by Wyndahm Cantom, sem café da manhã. Não inclui extras. Com passagem aérea a partir de São Paulo

US$ 1.584 (R$ 6.589) 
5 noites em Detroit, na New Age (newage.tur.br
Hospedagem em quarto duplo, no hotel Crowne Plaza Detroit Downtown Riverfront, sem regime de alimentação. Inclui passagem aérea e seguro-viagem

US$ 2.594 (R$ 10,7 mil)
6 noites em Detroit, na Venice Turismo (veniceturismo.com.br
Hospedagem em quarto duplo, no hotel Detroit Marriott at the Renaissance Center, sem regime de alimentação. Não inclui passeios ou extras. Com passagem aérea

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