Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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'Black Mirror' volta às telas com tom otimista e apelo a público mais jovem

Disponível desde 5 de junho na Netflix, quinta temporada tem três episódios

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Miley Cyrus em cena da nova temporada de Black Mirror
Miley Cyrus em cena da nova temporada de 'Black Mirror' - Divulgação

"Black Mirror" voltou no início deste mês, assim, não muito black mirror. Cabeçuda, distópica e tétrica em suas outras quatro temporadas, nesta quinta a série acena à renovação de seu público com um tom mais otimista e juvenil.

Não que isso seja necessariamente ruim —um episódio mediano de "Black Mirror" ainda é melhor do que 80% do que vai ao ar por aí.

Para fãs mais ferrenhos da série criada pelo britânico Charlie Brooker em 2011, porém, pode ser frustrante.

Claro que já havia existido um episódio assim, mais solar e pop, na terceira temporada (2016), "San Junipero", mas o roteiro era superior aos atuais.

 

Dos três episódios que compõem a nova temporada, disponível desde 5 de junho na Netflix após um ano e meio de hiato, o que mais se aproxima do espírito original da série é o segundo, "Smithereens".

Nele, Andrew Scott (o Moriarty de "Sherlock") interpreta um motorista de aplicativo que insiste em pegar fregueses apenas diante de uma empresa de tecnologia à la Facebook, a Smithereen do título. Há motivo para isso, e ele está ligado ao lado nefasto da tecnologia e como ela nos corrompe, tema central da série.

O que faz deste o melhor dos três novos capítulos é um final enigmático somado ao fato de ele manter o espírito de futuro tangível que sempre guiou a série —diferentemente do terceiro, uma fantasia adolescente com direito à sua versão atualizada de bruxa.

O outro motivo está nas atuações. Em uma temporada em que a Netflix investiu mais pesado no elenco da série, Scott sobressai junto como Topher Grace, que interpreta o fundador nerd e espiritualista da Smithereen com uma bem-vinda dose de cinismo.

Esses tons sombrios inexistem em "Striking Vipers", o episódio de estreia da temporada. A história de dois amigos de adolescência que se reencontram em partidas de videogame com realidade virtual e acabam, de certa forma, consumidos por ela, é promissora, mas acaba se mostrando longa e redundante demais.

Anthony Mackie, de "Guerra ao Terror" (filme que rendeu a Kathryn Bigelow, em 2008, o único Oscar de direção já concedido a uma mulher) se esforça para dar tridimensionalidade ao protagonista, o tímido Danny. As cenas de videogame kitsch que se repetem, contudo, acabam tirando o brilho da história.

Spoiler: a Redação desta Folha aparece em cena, fazendo as vezes do escritório em que Danny trabalha, assim como o viaduto Santa Ifigênia e edifícios do centro velho de São Paulo, em uma colagem de cenários que busca tornar o cenário universal e indefinível.

Por fim, chega-se a "Rachel, Jach and Ashley Too", com a diva juvenil Miley Cyrus interpretando uma... diva juvenil.

Em apuros, ela será libertada das forças malignas que a obrigam a se manter no topo das paradas por uma dupla de irmãs, a tímida/florzinha e a roqueira mal-humorada, além de uma boneca robô construída à sua imagem.

Maniqueísta demais, o episódio dá a entender que a fórmula para uma das séries mais marcantes desta década, a ponto de ter entrado para o léxico pop como expressão de algo sinistro relacionado à tecnologia, pode ter se esgotado.

A quinta temporada de “Black Mirror” está disponível na Netflix

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