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'Tecnologia não é a vilã da história', diz produtora de 'Black Mirror'

No Rio, criadores da série falam sobre o sucesso e anunciam comédia no Brasil

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Charlie Brooker, criador de 'Bladk Mirror', durante o Emmy, em 2017
Charlie Brooker, criador de 'Bladk Mirror', durante o Emmy, em 2017 - Frederic J. Brown/ AFP
Rio de Janeiro

Para se deprimir com um mundo distópico, não é preciso ver a série “Black Mirror”. “Basta dar uma olhada pela janela”, diz Charlie Brooker, o britânico que criou a série, primeiramente para o Channel 4, em 2011, na Reino Unido, depois para a Netflix, onde todos os 19 episódios, além de um filme interativo lançado no fim do ano passado, estão disponíveis atualmente.

Brooker brinca com o fato de que os amigos não param de enviar notícias sobre uma sociedade em colapso ou sobre tecnologia —lembrando que essas são as duas principais bases temáticas da série. 

Porém, ele se aborrece quando são feitas leituras que se restringem a essas associações. “Nós abordamos a tecnologia, assim como um filme de super-heróis pode abordar superpoderes”, diz. “Mais que isso, o que fazemos é mostrar pessoas que se destroem”, prossegue.

O roteirista e produtor mostrou sua veia mais cômica durante palestra no evento Rio2C, no Rio de Janeiro, ao lado de Annabel Jones, com quem divide a produção executiva da série. 

Os dois transformaram a convenção em um espetáculo de comédia sobre a longevidade desta relação profissional, levando a plateia a gargalhar em diversos momentos. “Nós nos toleramos”, explicou Jones sobre a longa trajetória ao lado de Brooker. “Fale por si”, respondeu o amigo. “Nós nos conhecemos há muito tempo e por isso sentimos um pelo outro esse mútuo sentimento de desrespeito”, completou ela.

Segundo Brooker, muitas vezes a maior preocupação sobre o retrato de um mundo tecnológico, na série, fica em torno do design de peças. “Elas precisam ser sedutoras, e pensamos obsessivamente se aqueles personagens de fato usariam aquela tecnologia. Fico muito incomodado quando um vejo em um filme alguém usando um computador para fazer algo que computadores não fazem”, diz.

“Acho que muitas de nossas histórias são sobre as fraquezas humanas, a tecnologia não é a vilã da história. A vilã são nossas relações ou como sobrevalorizamos a tecnologia por meio delas”, completou Jones. 

“O mundo está nos ajudando”, prossegue Brooker, em comentário ao fato de que a expressão “Isso é muito Black Mirror", usada em situações em que a tecnologia interfere no nosso cotidiano, ganhou terreno em diversos países, inclusive no Brasil.

“Uma coisa que a gente não faz é pensar: como ‘Black Mirror’ poderia falar do Brexit?’ Nós não procuramos isso. Nós muitas vezes fazemos essas associações depois, e hoje sabemos que 'Waldo' é basicamente o Trump", diz, sobre o terceiro episódio da temporada dois, que tem como protagonista um político que surge do entretenimento, um urso animado, agressivo em suas abordagens.

Além de falarem sobre a série, Brooker e Jones deram palco ao lançamento de uma nova série brasileira inspirada em “Dead Set”, comédia também assinada por eles em que um grupo de pessoas confinadas em um reality show é surpreendido por um surto de zumbis. Com adaptação de Claudio Torres e João Costa e o título “Reality Z”, a série também foi anunciada como uma das estreias da Netflix até o fim de 2020.

No elenco estão Guilherme Weber, Ana Hartmann, Emilio de Mello, Carla Ribas, Luellem de Castro, Ravel Andrade e Jesus Luz, além de Sabrina Sato em participação especial.

O jornalista viajou a convite da Rio2C

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