Luís Francisco Carvalho Filho

Advogado criminal, é autor de "Newton" e "Nada mais foi dito nem perguntado"

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Descrição de chapéu Folhajus

Não há mocinho no governo Bolsonaro, só bandidos

Todos que ocupam cargos de confiança no governo Bolsonaro fazem parte de uma quadrilha política que conspira contra a democracia

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Afastada a possibilidade de impeachment (apesar do rosário de crimes cometidos e do colapso econômico e sanitário, falta vontade política no Parlamento), o Brasil terá que conviver com um governo de terroristas e delinquentes, cada vez mais aloprados pelo fantasma da impopularidade.

Todos que ocupam cargos de confiança no governo federal são cúmplices de Jair Bolsonaro e fazem parte de uma quadrilha política que conspira contra a democracia.

Não há mocinho no governo Bolsonaro. Só há bandidos. Não há espírito público. Só há espírito de golpe —além de muita picaretagem, é claro.

Bolsonaro, em cima de algo que parece ser um caminhão, faz um sinal de arminha com os dedos em direção ao chão; ao redor, um homem de chapéu de boiadeiro usa um microfone para falar; próximo, um homem com uma jaqueta com camuflagem militar aponta na mesma direção em que aponta Bolsonaro; é possível ver também duas pessoas com camisetas amarelas
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na avenida Paulista, em São Paulo, durante o feriado de 7 de setembro - Danilo Verpa/Folhapress

A imagem do miliciano Fabrício Queiroz, corrupto de estimação da família Bolsonaro, sendo tratado como celebridade fascista em Copacabana, em manifestação convocada para erodir a credibilidade do Supremo Tribunal Federal, sintetiza o estado das coisas. O escárnio não tem limites.

O recuo de Jair Bolsonaro é estratégico e tem por objetivo principal obter aliados para a paralisação das investigações instauradas para apurar o enriquecimento ilícito de seus filhos. A corda esticada demais com o STF deixou de ser conveniente.

Bolsonaro conta com a pusilanimidade de personagens de outros poderes, inclusive no Judiciário, sempre aflitos para (metaforicamente) tirar selfies com o célebre Fabricio Queiroz, receber medalhas no Palácio do Planalto ou enxergar boa-fé nos desatinos presidenciais.

Agrado ao chefe do Executivo sempre fez parte do cardápio de serviços prestados pela PGR desde o fim do regime militar, mas nunca um procurador-geral da República foi tão descaradamente servil e rasteiro como Augusto Aras: definiu como “festa cívica” as manifestações contrárias ao STF.

O presidente da Câmara reagiu rápido à confusão provocada pelo presidente, mas deixou escapar depois sua posição de apoio a Bolsonaro na arbitragem do conflito: “ninguém é obrigado a cumprir decisão inconstitucional”.

Especialista em disfarces e tergiversações, o presidente do Senado primeiro sumiu. Ao reaparecer, não teve coragem de incluir em seu pronunciamento insosso uma crítica concreta aos ataques golpistas do presidente da República. Como não poderia deixar de ser, Rodrigo Pacheco festejaria a nota de “pacificação” do presidente beligerante e criminoso como um espetáculo da democracia brasileira: “Vai de encontro ao que a maioria espera”. Na verdade, senador, a maioria quer ver o impeachment de Bolsonaro.

A devolução da Medida Provisória das fake news pelo presidente do Senado, baseada em manifestação assinada pelo procurador-geral da República, é um arranjo entre amigos (de Bolsonaro). Como o Supremo iria rejeitá-la, Aras e Pacheco fingem que são independentes, o presidente da República pode posar mais uma vez de vítima de poderes ilegítimos, que não o deixam governar em paz, e, por não externar agressões ou grosserias, tenta transmitir a ideia de que, graças às mágicas mãos de Michel Temer, é um novo homem.

Mas Bolsonaro não muda.

A investida contra a vacinação de adolescentes pelo ministro golpista da Saúde é uma releitura politica dos ataques de Bolsonaro ao Supremo e à urna eletrônica.

Agrada bases obscurantistas, frustradas pela aparente covardia do recuo pós 7 de setembro, propaga mentiras institucionais, uma especialidade do atual governo, e corrói a reputação de adversários, governadores e prefeitos.

Marcelo Queiroga é pior e mais daninho que Eduardo Pazzuelo.

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