Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos

Mercado se recuperou, mas deixou líderes de diferentes setores no chão

É melhor ter produtos diversificados para não ver sua carteira afundar com as intempéries da Bolsa

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Entre o dia 2 de janeiro (primeiro pregão do ano) e o último antes do Natal, neste dia 23, o mercado de ações enfrentou uma crise sem precedentes e pode-se dizer que, de forma geral, se saiu bem.

O Ibovespa, principal índice a refletir a nossa Bolsa, acumula uma ligeiríssima queda de 0,65%.

Levando em conta a falta de perspectivas em março, parece uma vitória.

E a sua carteira de ações? Já se recuperou da grande queda que veio como efeito colateral da pandemia de coronavírus?

Investe em IRB Brasil Resseguros (IRBR3)? Na Cielo (CIEL3)? Tem papéis da Embraer (EMBR3)? Ou da gigante da educação Cogna (COGN3)? Comprou ações da CVC (CVCB3)?

Gabriel Cabral/Folhapress

Em comum, além de serem todas líderes de mercado em seus respectivos setores, as cinco empresas têm hoje suas ações custando menos da metade do preço pelo qual eram vendidas no começo do ano.

O IRB, maior ressegurador do país, sofreu um abalo enorme após a descoberta de uma fraude milionária e de mentiras plantadas na imprensa por seus antigos diretores.

Agora, a nova direção tenta recuperar a confiança dos investidores. Para isso, aprovou o pagamento de R$ 0,13 por ação, em dividendos e juros sobre capital próprio, e fez auditorias que, segundo seu novo presidente, tiraram todos os esqueletos do armário.

Mas o dano da empresa neste período foi muito além da imagem. Nos três primeiros meses do ano, o IRB teve prejuízo de R$ 229,8 milhões. No mesmo período, em 2019, o prejuízo fora de R$ 19,7 milhões.

Ainda assim, a companhia se diz otimista em relação à recuperação, por contar com o recebimento de novos prêmios na retomada de grandes projetos em áreas como de petróleo e rural.

Já a Cielo, das maquininhas de cartão de crédito, viu a chegada do Pix facilitando o pagamento para pequenos varejistas, bem como foi impedida de levar adiante o sistema de pagamento pelo WhatsApp.

A empresa segue como maior credenciadora e processadora de meios de pagamento no Brasil, com 34% do market share, mas viu seu lucro cair 51%, na comparação entre os 9 primeiros meses de 2020 e os de 2019. Seus planos não levavam em conta, lógico, a redução drástica da movimentação no comércio.

Outra líder de seu segmento que parece estar também levando a pior neste ano é a Cogna Educação. Com 28% do market share do ensino superior, a empresa tem suas ações custando hoje 37% do que valiam em janeiro.

Altas taxas de evasão de estudantes que pagam, ou pagavam, a faculdade com dinheiro do próprio trabalho, bem como uma movimentação surpreendente do mercado: a venda do grupo Laureate no Brasil (dono de instituições como Anhembi Morumbi e FMU) para um de seus concorrentes.

A disputa pelos novos alunos (cerca de 270 mil) foi ferrenha e acabou (a) que a Ânima Educação levou a melhor. Suas ações subiram 22% em relação ao início do ano.

Isso sem falar em Embraer, que viu o plano de vender sua área de aviação civil para a Boeing ir por água abaixo, e a CVC, que sofreu todo o impacto das restrições à circulação de pessoas.

Tudo isso serve para reforçar aquela máxima: rendimento pregresso não significa rendimento futuro. No início do ano, essas empresas pareciam ótimas pedidas para muitos analistas.

O melhor para não ver sua carteira afundar com intempéries como as sofridas por esses líderes de mercado é ter uma carteira diversificada o bastante para que a queda dessas ações seja contrabalanceada pela alta de outras, como as de Eike Batista (sobre as quais falamos aqui), Magazine Luiza ou CSN, que subiram mais de 100% neste ano.

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