Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge
Descrição de chapéu Copa do Mundo

A Rússia sai do armário

Russos parecem inebriados pela alegria e pelo barulho das torcidas na Copa do Mundo

A Rússia está saindo aos poucos do armário. Não aquele em que os gays, na intolerância do presidente russo, devem continuar trancados. Em uma semana, não vi meninas trocando bitocas, meninos de mãos dadas, ou qualquer sinal de homossexualidade. Ninguém dando pinta ou levantando bandeira.

Aos menos nos locais de jogo e nos pontos de maior movimentação dos torcedores não há sinal de que haja gays no país ou de que os gringos da categoria tenham vindo para cá. Quem tem pescoço tem medo, como diz o ditado. Talvez. E, por isso, infelizmente, a ameaça de que manifestações homoafetivas não seriam toleradas foram levadas a sério e a Copa está menos colorida e diversa.

São os russos que estão colocando o nariz para fora e respirando novos ares. Os mais jovens se entregaram, mas também os mais velhos começam a trocar o olhar desconfiado e curioso sobre os invasores por sorrisos e tentativas, meio frustradas, de comunicação.

Começou de forma tímida, mas em duas semanas de Copa não há lugar em que mesmo pequenos grupos não comecem a entoar “Rossia” em exaltação ao país. A pronúncia lembra “Brasília” e não faltam brasileiros achando que é declaração de amor dos anfitriões. Nas ruas lotadas, nos estádios e nos vagões de metrô.

Eles parecem inebriados pela alegria e pelo barulho das torcidas que se espalham pela cidade e um tanto orgulhosos ao ver que os convidados se divertem e amam seu país. Deve ser um alívio. 

As novas gerações parecem felizes, basta ver a popularidade de Putin entre os jovens. Entretanto, o possível impacto da Copa em 2018 pode não ter tido similar desde a abertura política. É difícil que os russos voltem a se trancar no armário depois desse terremoto de novos costumes que vem passando por aqui. Politicamente as mudanças podem ser mínimas em curto prazo, mas a Rússia não será a mesma nunca mais. E foram os russos que me disseram.

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