Assim que a primavera começa, as pessoas ficam mais felizes em Londres. Faz sol, os dias são mais longos –aqui, escurece às 16h no inverno– e as magnólias deixam as ruas coloridas e perfumadas. Como o calor não dura tanto, parques e pubs ficaram cheios com os 17 graus de sexta-feira (25). Greta não liga para isso. Ela é inglesa, mas se considera italiana porque os pais nasceram na Itália e ela morou muitos anos naquele país. Enquanto embala um bebê no carrinho, a babá puxa papo comigo ao saber que estou escrevendo sobre futebol. "Estou devastada", diz.

A Itália está fora da Copa do Mundo de novo, eliminação que eles ainda tentam entender. Na última quinta-feira (24), a Azzurra perdeu a partida decisiva da repescagem europeia para a Macedônia do Norte, 67ª no ranking da Fifa. Finalizou 32 vezes, penou com a parede defensiva adversária e levou um gol de Aleksandar Trajkovski nos acréscimos.

Greta me conta que ligou para a avó na Itália depois do jogo. "Ela tem 90 anos, cresceu vendo futebol com os sete irmãos. Ela me falou que, a esta altura da vida, ter que ver a Itália não ir para a Copa duas vezes seguidas é uma vergonha."

Para os italianos, apaixonados pelo esporte, é decepcionante e difícil de digerir. A seleção foi campeã europeia no ano passado com uma equipe empolgante. Tudo bem que o retrospecto recente em Copas não é dos melhores –foi eliminada na fase de grupos em 2010 e em 2014, não se classificou para o torneio em 2018. Mas a Itália foi do céu ao inferno em apenas oito meses. "Outro desastre", escreveu o jornal Corriere Dello Sport.

A Macedônia do Norte enfrenta Portugal na terça-feira (29) pela vaga no Mundial. Vale lembrar que ganhou da Alemanha na fase de grupos das eliminatórias e agora tirou os tetracampeões mundiais. Os portugueses que se cuidem. Dá para imaginar Cristiano Ronaldo fora deste que pode ser o último Mundial do maior artilheiro de seleções de todos os tempos?

Se isso acontecer, o português eleito cinco vezes o melhor do mundo não será o único astro vendo a Copa pela televisão. Na repescagem europeia, Suécia e Polônia disputam a mesma vaga, ou seja, a competição terá ou Robert Lewandowski ou Zlatan Ibrahimovic.

Ainda não será a vez de ver Erling Haaland em um Mundial, já que a Noruega não se classificou. Se olharmos as eliminatórias africanas, Egito e Senegal se enfrentam, e só um dos craques e amigos do Liverpool, Mohamed Salah ou Sadio Mané, irá para o Qatar em novembro.

Mas o álbum de figurinhas da Copa continuará brilhante. Entre as seleções europeias, teremos Kylian Mbappé e Karim Benzema na atual campeã França, Kevin De Bruyne na Bélgica, Alemanha, Espanha, Inglaterra, a volta da Holanda, e outros candidatos ao título mundo afora, como o Brasil.

Por aqui, os britânicos estão empolgados com a possibilidade de o País de Gales de Gareth Bale, a uma vitória da classificação, voltar à Copa. Não é para menos. A única vez que os galeses disputaram o torneio foi em 1958, quando foram eliminados nas quartas de final pelo Brasil, com um gol de Pelé.

Greta não quer que a Inglaterra vá longe no Mundial. Acha que os ingleses ficam arrogantes quando vencem. Já que a Itália não estará na Copa, prefere Portugal porque tem amigos e familiares portugueses. "Ou, talvez, agora eu possa torcer pelo Brasil!"