Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Descrição de chapéu COB

Base do Brasil em Paris-2024 terá arroz, feijão e farofa no cardápio

Comida caseira deve ajudar na parte física e na preparação psicológica

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Nick Littlehales é conhecido como "o homem que ensinou Cristiano Ronaldo a dormir". O inglês é especialista em sono e consultor de atletas e times de futebol. Trabalhou para Real Madrid, Manchester City e United, também para a poderosa equipe olímpica britânica de ciclismo, mostrando como descansar da forma correta potencializa a performance esportiva.

Em 2019, entrevistei Littlehales para uma reportagem e li seu ótimo livro chamado "Sleep", em que explica desde qual é a posição certa para dormir (de lado) até um detalhe que considera fundamental: como atletas viajam muito, é importante fazer com que hotéis se pareçam o máximo possível com o ambiente de casa. Isso inclui levar colchões ou o mesmo spray relaxante que colocam no travesseiro de seus quartos. No alto rendimento, tudo faz diferença para conquistar um título ou uma medalha.

Littlehales é "o homem que ensinou Cristiano Ronaldo a dormir" - Phil Noble - 4.set.17/Reuters

Nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, a delegação brasileira terá algo parecido na alimentação. Arroz, feijão e farofa estarão no cardápio dos atletas do Time Brasil. O chef ainda não foi escolhido, mas deve ser um brasileiro que vai ensinar nosso tempero para uma equipe francesa. A avaliação do Comitê Olímpico do Brasil é que a alimentação não tem só benefício físico mas também mental.

A estratégia foi usada em competições anteriores e virou prioridade do COB ao ser aprovada pelos atletas, que consideram a culinária caseira um dos pontos favoritos na operação de grandes eventos. Se para nós, mortais, comer algo a que estamos acostumados traz conforto, imagine em um momento de extrema pressão como em Olimpíadas.

Em Jogos Olímpicos, credencial é artigo de luxo, e seria impossível ter a estrutura ideal dentro da Vila Olímpica. Por isso, o COB fechou parceria com a cidade de Saint-Ouen-sur-Seine, onde montará sua base principal, e usará instalações que ficam a 600 metros da Vila. Haverá uma grande operação paralela, com serviços de nutrição, equipes multidisciplinares, distribuição de até 40 mil peças de uniformes e quadras exclusivas para treinamento dos vôleis de quadra e de praia.

Bases perto da Vila costumam ser concorridas, e outros países, como a Austrália, interessaram-se por Saint-Ouen, mas o Brasil saiu na frente. O COB considera a operação de Paris mais simples do que a de Tóquio, com diferença de cinco horas no fuso horário, contra 12 em relação ao Japão, e viagens menos longas. Além disso, a pandemia de coronavírus impôs inúmeras restrições em 2021.

O Time Brasil terá outras bases, como a de Rio Maior, em Portugal, que continuará sendo usada como ponto de aclimatação para esportes que competem na Europa, como natação, vôlei e triatlo, e as específicas para algumas modalidades: Marselha para a vela, Taiti para o surfe, Lille para o handebol e Seine-et-Marne para a canoagem e o remo.

Alimentação é fundamental para atletas de alto rendimento, como Isaquias Queiros, medalhista de ouro nos Jogosde Tóquio - Luis Acosta - 7.ago.21/AFP

Em um ciclo olímpico mais curto por causa da pandemia, três anos separam os Jogos de Tóquio dos de Paris. O COB ainda não divulga a previsão de pódios. No Japão, o Brasil teve seu melhor desempenho em Olimpíadas: 12º lugar e 21 medalhas, sendo sete ouros, seis pratas e oito bronzes.

Ao custo de R$ 1,25 milhão, o convênio com Saint-Ouen foi assinado formalmente na última quinta-feira (16). O prefeito, Karim Bouamrane, conhece Gilberto Gil e Seu Jorge, é fã da seleção brasileira de futebol de 1982 e, ao anunciar o acordo nas redes sociais, colocou uma música do Tim Maia como trilha sonora. O francês quer ajudar os brasileiros no quesito "sentir-se em casa".

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