Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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O que a nova primeira-ministra britânica fará pelo esporte?

Com alta da inflação e do custo de vida, tema não será prioridade, mas também não pode ser ignorado

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Nesta semana, Liz Truss se tornou primeira-ministra do Reino Unido. Ela substitui Boris Johnson, também é do Partido Conservador e tem um desafio enorme pela frente: lidar com a alta da inflação que ultrapassou 10% em julho, com o aumento do custo de vida e das contas de energia, além de assuntos de política externa como a guerra na Ucrânia. Tudo isso com o país em luto pela morte da rainha Elizabeth 2ª dois dias depois da posse de Truss. Ou seja, o esporte não vai ser prioridade neste momento.

Mas existe o temor de que a implementação de uma grande reforma no futebol inglês esteja em risco. No fim do ano passado, uma deputada do próprio partido publicou um relatório que recomendou uma série de mudanças na forma como o esporte é financiado e gerido por aqui.

Entre as alterações propostas estão: criação de um órgão regulador independente que supervisionaria as finanças dos clubes, incluindo mecanismos para que os mais ricos distribuam mais dinheiro para os que estão na base da pirâmide do futebol inglês; maior rigidez nos testes para quem quiser comprar um clube (assunto que sempre aparece depois de aquisições como a do Newcastle, por exemplo); aumento da influência dos torcedores na tomada de decisões; e melhora da igualdade de condições entre o jogo feminino e o masculino.

Liz Truss, compreensivelmente, não prioriza o esporte - Peter Nicholls - 8.set.22/Reuters

Segundo a imprensa inglesa, Truss poderia vetar a implementação do relatório por estar cercada de "pessoas influentes que não têm interesse em mudar a atual estrutura", ou pelo assunto não ser prioridade mesmo.

Há outras questões na pauta do esporte britânico: a promessa do governo de rever a ligação entre casas de apostas e futebol e potencialmente banir o patrocínio em uniformes; solucionar o problema das instalações esportivas públicas que foram fechadas, primeiro por causa da pandemia e, agora, pela alta no preço da energia; e o pedido da seleção feminina campeã da Eurocopa para que mais meninas tenham a chance de jogar futebol nas aulas de educação física na escola.

Não ajuda muito o fato de que vários temas estejam concentrados em um único ministério chamado de Digital, Cultura, Mídia e Esporte. A pasta já teve sete ministros desde o plebiscito do Brexit, em 2016 –a saída do Reino unido da União Europeia.

Também vai ser curioso ver como Truss se comportará em relação a seu antecessor em assuntos esportivos polêmicos. Boris Johnson foi acusado por adversários de tentar se aproveitar do bom momento da seleção masculina de futebol ao usar o uniforme da Inglaterra em Wembley na final da Eurocopa no ano passado; manifestou-se publicamente contra a criação de uma Superliga europeia; influenciou a venda do Chelsea, já que o governo britânico bloqueou bens de oligarcas russos por causa da invasão à Ucrânia, quando o então dono do clube era Roman Abramovich.

Sobre Truss, sabe-se por enquanto é torcedora do Norwich, hoje na segunda divisão.

Um estudo divulgado neste ano pela consultoria Ernst & Young revelou que na temporada 2019/20 a Premier League contribuiu com 7,6 bilhões de libras para a economia do Reino Unido, mais de R$ 45 bilhões. E, antes de assumir o cargo mais importante do país, Truss era ministra das Relações Exteriores, portanto sabe bem quanto a liga é um enorme produto de exportação.

Ela deve imaginar que não adianta a Inglaterra ou o País de Gales ir bem na Copa do Mundo do Qatar se a população não tiver dinheiro para comemorar no pub ou se aquecer em casa no inverno. Mas, certamente, não vai, e nem poderia, ignorar o esporte.

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