Descrição de chapéu família real britânica

Liz Truss toma posse como primeira-ministra nomeada pela rainha Elizabeth 2ª

Cerimônia ocorreu a portas fechadas na Escócia; gabinete tem mulheres e negros nos 4 principais cargos

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Madri

A nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, tomou posse por volta das 12h50 (8h50 em Brasília) desta terça-feira (6), ao ser nomeada formalmente pela rainha Elizabeth 2ª na Escócia. A cerimônia ocorreu a portas fechadas, com câmeras de TV não permitidas. À tarde, a nova líder anunciou seu gabinete, com o ineditismo de não haver nenhum homem branco nos quatro principais cargos.

O breve documento oficial resultante do encontro com a chefe da monarquia traz apenas duas frases: "A rainha recebeu em audiência a honorável primeira-ministra Elizabeth Truss e solicitou a ela que forme uma nova administração. A senhora Truss aceitou o oferecimento da rainha e sua nomeação como primeira-ministra e chefe do Tesouro".

A rainha Elizabeth 2ª se prepara para cumprimentar a nova primeira-ministra britânica, Liz Truss, em evento de posse no castelo de Balmoral, na Escócia - Jane Barlow/AFP

Normalmente, a rainha faz o anúncio do nome no Palácio de Buckingham, mas desta vez ela está passando férias em sua residência de verão, o Castelo de Balmoral. A avançada idade da soberana de 96 anos e consequentes dificuldades de locomoção fizeram o cerimonial optar por levar Liz Truss e Boris Johnson a Balmoral, em vez do contrário. Truss chegou por volta das 12h20, em companhia do marido, o contador Hugh O’Leary.

Foi a 15ª vez que Elizabeth 2ª entregou o cargo de primeiro-ministro a um político desde sua coroação, em 1952. Truss é apenas a terceira mulher —e a terceira mulher conservadora— na posição, tendo sido precedida por Theresa May (2016-2019), e Margaret Thatcher (1979-1990).

Pouco antes das 16h (12h em Brasília), Truss voou de volta a Londres e se dirigiu à Downing Street, sede do governo, onde fez seu primeiro discurso no poder. "Vamos transformar o Reino Unido em uma nação a ser almejada, com empregos bem pagos, ruas seguras e onde qualquer um terá as oportunidades que merece."

Em cerca de cinco minutos, prometeu trabalhar especificamente em três prioridades a curto prazo. "Primeiramente, vamos colocar o Reino Unido para trabalhar novamente. Tenho um plano ousado para crescer a economia por meio de corte de impostos e reformas. Em segundo lugar, vou colocar as mãos na crise energética provocada pela guerra de [Vladimir] Putin. Vou agir nesta semana para lidar com as contas de luz e assegurar nosso futuro fornecimento de energia. Em terceiro, vou me certificar para que as pessoas possam marcar consultas no Sistema Nacional de Saúde", disse.

A nova líder também falou nesta terça com o presidente dos EUA, Joe Biden. Segundo uma porta-voz do governo britânico, a conservadora disse que ansiava trabalhar com Washington para solucionar os problemas econômicos decorrentes da Guerra da Ucrânia. Comunicado posterior da Casa Branca afirmou que os dois líderes debateram ainda a ameaça representada pela China, a tentativa de impedir o Irã de adquirir armas nucleares e a busca por matrizes energéticas mais sustentáveis.

À noite, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) também cumprimentou a britânica. "Tenha certeza que eu e meu governo estamos prontos para trabalhar com a senhora e com o seu governo no fortalecimento de nossas relações e na construção de uma parceira cada vez mais sólida, com destaque para a economia, o comércio e a defesa da democracia", escreveu no Twitter.

Liz Truss foi eleita líder do Partido Conservador com 57,4% dos votos válidos, a mais baixa porcentagem entre os quatro eleitos por voto indireto desde 2001 —votaram apenas filiados ao partido. Ela concorreu na última fase com o ex-secretário das Finanças Rishi Sunak.

Mas pesquisa feita pela plataforma online YouGov no fim de agosto indica que, entre os britânicos, Truss está longe de ser a primeira-ministra dos sonhos. Apenas 12% —de 1.651 adultos ouvidos— consideram que ela será uma líder ótima (2%) ou boa (10%), enquanto 20% dizem que ela será mediana, 17% ruim e 35% péssima. Para comparar, 22% do mesmo grupo consideraram que a gestão de Boris foi ótima ou boa.

A maioria também considerou que, em comparação com todos os primeiros-ministros desde Margaret Thatcher, Truss será pior governante. A exceção é a comparação com Boris Johnson, na qual a maior parte acredita que será a mesma coisa.

Antes de se tornar primeira-ministra, ela passou por diversos cargos nos governos recentes de seus colegas de partido. Com Boris Johnson (2019-2022) foi secretária do Comércio Internacional e, desde o ano passado, atuava como secretária das Relações Exteriores. Com May no poder, Truss chefiou as pastas da Justiça e do Tesouro e, com David Cameron (2010-2016), esteve à frente do Ambiente.

A nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, chega ao Castelo de Balmoral, na Escócia, para cerimônia de posse - Andrew Milligan - 6.set.22/Pool/AFP

Pela manhã, ao deixar Downing Street pela última vez, o conservador Boris falou por sete minutos, nos quais se despediu do cargo, lembrou suas realizações e desejou boa sorte a Truss. Ele então voou para a Escócia e chegou a Balmoral por volta das 11h (7h em Brasília). Ali, apresentou sua renúncia à rainha e deixou o castelo em seguida.

O adeus pela manhã teve tintas poéticas: "Deixem-me dizer que sou como um daqueles foguetes com vários estágios que cumpriu sua função. E agora eu suavemente faço a reentrada na atmosfera para cair em um canto remoto e desconhecido do Pacífico".

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