Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Descrição de chapéu Copa do Mundo 2022

Ingleses estão entre pessimismo e sonho de vencer a França

'Como parar Mbappé' domina o debate às vésperas do jogo

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Ingleses não são grandes otimistas quando o assunto é a própria seleção masculina. O único título mundial foi em 1966. Faz muito tempo. De lá para cá, nada. Nenhum troféu da Eurocopa, e os três ouros em Jogos Olímpicos (em que competem como Grã-Bretanha) vieram em 1900, 1908 e 1912.

Se você perguntar para um inglês ou inglesa quem é favorito para ganhar a Copa, ele ou ela certamente iria dizer Brasil (antes da eliminação) ou França. Brasileiro já nasce confiante –às vezes até demais– com sua seleção. Do lado de cá do planeta, nesta ilha igualmente apaixonada por futebol, o otimismo cresce conforme a equipe passa de fase. E isso começa a acontecer agora, principalmente depois da vitória sobre Senegal nas oitavas de final.

O técnico Gareth Southgate soube transformar uma geração talentosa em um grupo respeitado dentro e fora de campo. A Inglaterra chegou à semifinal da Copa em 2018, à decisão da Eurocopa no ano passado. A conquista da Euro pela seleção feminina neste ano deu injeção de ânimo e trouxe inspiração.

Harry Kane é um capitão à altura do cargo, e jovens como Phil Foden e Jude Bellingham lidam bem com a pressão. Um time admirado no país por seu posicionamento em questões como o combate ao racismo e à homofobia.

O zagueiro Harry Maguire disse esta semana que, no Mundial da Rússia em 2018, qualquer resultado seria comemorado –e disputar o terceiro lugar realmente foi–, mas que agora é diferente. A expectativa sobre eles aumentou. França e Portugal têm mostrado ao mundo nesta Copa que podem vencer e convencer. A Inglaterra tenta fazer o mesmo.

Antes das quartas de final contra a França, vejo os torcedores ingleses divididos: alguns acham impossível vencer os atuais campeões mundiais, dizem que a Inglaterra tem que se colocar no seu lugar e reconhecer que é inferior. Questionam a própria declaração de Maguire de que estão entre as cinco ou seis seleções que acreditam em si mesmas e que podem vencer. Inglaterra no top seis entre oito seleções restantes? Olha o complexo de vira-latas aí...

Outros admitem que é dificílimo parar o foguete francês de 23 anos Kylian Mbappé, mas acreditam que um lateral quase dez anos mais velho e recém-operado depois de lesão na virilha vai dar conta do recado. "Kyle Walker vai resolver", me disse um inglês esta semana em um pub em Londres. Também confiam no fato de que Southgate tem opções de sobra na frente com Marcus Rashford, Raheem Sterling, Bukayo Saka, Foden e Kane. Já são 12 gols marcados em 4 partidas.

Walker e Mbappé, o duelo aguardado para o jogo deste sábado - Paul Ellis e Javier Soriano/AFP

Acredito que a Inglaterra tem chances, sim, de bater o timaço francês, principalmente se entrar em campo com a mentalidade certa nesse que será um dos jogos mais difíceis, se não o mais, da era Southgate. Só que, se isso acontecer, dificilmente vai ter festa nas ruas por aqui. Ao contrário de outras edições do Mundial que tradicionalmente acontecem no verão europeu, estamos quase no inverno, já com temperaturas negativas. A comemoração é em casa e nos pubs.

De um lado, torcedores vivem o sonho de renovar aquela foto em preto e branco da rainha Elizabeth 2ª entregando a taça Jules Rimet ao capitão Bobby Moore. De outro, como escreveu o repórter Will Unwin, no The Guardian: "A Inglaterra pode ser uma orgulhosa nação esportiva, mas tem um orgulho coletivo construído sobre o pessimismo." Se tudo der errado contra a França, muitos vão dizer: eu já sabia.

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