Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Quem herdará o espaço dos gênios do tênis?

Federer e Serena se aposentaram; até quando ficam Nadal, Murray e Djokovic?

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Roger Federer, Rafael Nadal, Serena Williams, Novak Djokovic… quem vai ocupar o lugar deles?

Esta é uma das primeiras perguntas de "Break Point", série documental que estreou na Netflix e mostra bastidores do circuito profissional de tênis na última temporada.

É uma questão que intriga os fãs. Alguém chegará aos pés do que esses gênios fizeram dentro e fora de quadra? Há substituto à altura?

Assisti aos cinco episódios já liberados. "Break Point" foca não nas estrelas, mas em quem sonha ser uma. Cria histórias em torno de nomes como Felix Auger-Aliassime (7° do ranking), Taylor Fritz (9°), Matteo Berrettini (14°), Ons Jabeur (2ª), Maria Sakkari (6ª) e Paula Badosa (16ª). Como outras séries documentais de esporte, o atraente é ver além do que as câmeras mostram nos torneios —dramas, inseguranças, preparação.

Sem dúvida, tenistas profissionais são seres extremamente privilegiados —viajam o mundo, são venerados, muitos ganham fortunas. Mas há um preço que pode ser quase insuportável: uma vida por vezes solitária, extrema pressão física e mental e dedicação absoluta. Eles descrevem a sensação de ganhar quase como um vício. Mas, em cada torneio, há centenas de perdedores e só um vencedor. Para quem não é o Nadal, haja persistência.

Ao mesmo tempo, parece haver tanta admiração dos mais jovens por seus ídolos que até atrapalha. Em uma cena, um tenista tem um semblante de derrotado só de ver Nadal ao seu lado pulando de um lado para o outro, se aquecendo, antes de enfrentá-lo.

Rafael Nadal se prepara para sacar contra Mackenzie McDonald no Austrália Open, em Melbourne - Bai Xuefei - 18.jan.2023/Xinhua

Sair da sombra deles e delas também é difícil. Talvez você nunca tenha ouvido falar de Ajla Tomljanovic, nem quando a australiana conseguiu a maior vitória da vida: derrotar Serena na última partida da carreira no US Open. A imagem que fica é a da despedida da americana dona de 23 Grand Slams, que revolucionou o jogo entres as mulheres, não a de Ajla.

Uma candidata à nova rainha do tênis já não parece que vai herdar a coroa. Naomi Osaka se afastou uma vez das quadras para cuidar da saúde mental e agora, grávida, está fora pelo menos até 2024. A atual número um do mundo, Iga Swiatek, ou Ons, se enquadraria mais no perfil? O tempo dirá, assim como se o atual melhor do planeta no masculino, Carlos Alcaraz, será mesmo "o próximo Nadal".

Outros têm talento, mas sobram polêmicas. Alexander Zverev e Nick Kyrgios foram acusados pelas ex-namoradas de agressão. O alemão já espancou a cadeira de um árbitro com a raquete. O australiano despontou para a fama aos 19 anos ao vencer Nadal, mas assume que não sabe lidar com a pressão e que o tênis é só uma diversão. Arruma confusão com a arbitragem, xinga espectadores. Não serão ídolos de fato.

O alemão Alexander Zverev após a derrota para o norte-americano Michael Mmoh - Hannah Mckay - 19.jan.2023/Reuters

O lançamento da série coincidiu com o Aberto da Austrália, primeiro Grand Slam do ano. Nadal, lesionado, já foi eliminado, aumentando a especulação sobre quando se aposentará.

Em algum momento, nomes como Djokovic e Andy Murray também deixarão o circuito. O sarrafo é tão alto que não parece claro para quem passarão o bastão. Como ter a eficiência do sérvio, a técnica e a classe de Federer, a competitividade de Nadal, a resiliência de Murray, a potência de Serena?

Eles nunca serão substituídos, mas o esporte é sempre sedento por novas estrelas. E, quando a hora chegar, é melhor que algum dos novatos esteja pronto física e mentalmente, para que o pior rival não acabe sendo eles próprios.

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