Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Palcos do futebol europeu se abrem também para elas

Jogar no estádio principal de seus clubes não é mais um sonho distante

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Liga dos Campeões em Londres, jogo de volta das quartas de final. Arsenal contra Bayern de Munique no Emirates. Com dois gols em sete minutos, o time da casa garantiu a classificação e enfrenta o Wolfsburg na semifinal. Em uma noite chuvosa, na última quarta-feira (29), o técnico Mikel Arteta estava entre os mais de 21 mil presentes, mas na arquibancada, torcendo. A partida era da Champions feminina.

Stina Blackstenius, do Arsenal, em lance com Saki Kumagai, do Bayern de Munique, no estádio Emirates, em Londres - Andrew Boyers/Reuters

Depois do jogo, o treinador do Arsenal feminino, o sueco Jonas Eidevall, disse que o clima no clube é tão positivo e há tanto apoio que ele acredita que mandar todos os jogos no Emirates no futuro pode virar realidade. Hoje, o estádio de 60 mil lugares é a casa do masculino, líder da Premier League. A equipe feminina normalmente joga em um estádio de 4.500 lugares que pertence a um clube da 5ª divisão.

Na noite de quinta-feira (30), em Stamford Bridge, Chelsea contra as supercampeãs do Lyon teve todos os elementos de um jogo dramático e emocionante. O gol do time da casa nos últimos segundos da prorrogação deixou o placar agregado empatado e levou para os pênaltis a decisão da vaga na outra semifinal. O Chelsea venceu e eliminou a equipe francesa, que tem oito títulos de Champions e dominou o futebol europeu feminino na última década. Agora as inglesas disputam um lugar na final contra o Barcelona.

Ann-Katrin Berger, goleira do Chelsea, defende o pênalti que deu a vitória ao time inglês contra o Lyon, no Stamford Bridge, em Londres - Justin Tallis/AFP

Os confrontos foram mais uma amostra do alto nível da Liga dos Campeões feminina, com todos os jogos das quartas de final nos estádios principais de seus clubes: Allianz Arena, Camp Nou, Parc des Princes...

A possibilidade de uma final com times ingleses não é à toa: são anos de investimento no futebol feminino, que foi repaginado e ao longo dos anos ganhou patrocínio e exposição na TV. A Women’s Super League (WSL) –primeira divisão– existe neste formato desde 2011. Tem 12 equipes totalmente profissionais e nesta temporada a disputa do título entre Manchester United e Manchester City está tão acirrada que ele pode ser decidido no critério de desempate de diferença de gols.

Tabela do Campeonato Inglês Feminino (Women’s Super League)
Tabela do Campeonato Inglês Feminino (Women’s Super League) em 31.mar.2023 - Reprodução

No ano passado, Arsenal e Tottenham pela WSL teve impressionantes 47.367 torcedores no Emirates. Há cada vez mais público assistindo ao futebol feminino e isso estimula o debate. Na semana passada, o United feminino venceu o West Ham em Old Trafford diante de quase 28 mil pessoas. Lucy Parker, jogadora do West Ham e da seleção inglesa, questionou por que o clube dela não deixa a equipe feminina jogar no mesmo estádio dos homens.

É até surreal pensar que durante 50 anos, até 1971, o futebol feminino foi banido em estádios na Inglaterra pela federação de futebol do país, por ser considerado "inadequado para mulheres."

Na semana que vem, a seleção brasileira feminina joga em Wembley contra a Inglaterra na Finalíssima, confronto entre as campeãs da Copa América e da Eurocopa. Em julho, disputa a Copa do Mundo na Austrália e Nova Zelândia.

A realidade do rico futebol inglês pode parecer distante para a maioria dos países, inclusive o Brasil, mas isso não significa que resta aos dirigentes brasileiros apenas admirar de longe.

Quais boas práticas podem servir de exemplo? O que pode ser adaptado do que se faz na Europa em termos de infraestrutura em relação ao que já existe para o time masculino? Se as portas se abrirem para o futebol feminino, torcedores e patrocinadores vão entrar.

O momento é positivo e oportuno. É preciso aproveitá-lo.

Torcida no estádio do Corinthians na final do Campeonato Brasileiro Feminino de 2022; 41.070 torcedores assistiram a Corinthians 4 x 1 Internacional - Carla Carniel - 24.set.22/Reuters

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