Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Descrição de chapéu tênis

Diário de Wimbledon: torneio é um parque de diversões para fãs de tênis

Das flores e morangos com creme à realeza britânica e do esporte, tudo parece ter saído de um conto de fadas

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São duas da tarde, 29 graus. Céu azul quase sem nuvens. Dia de calor na Inglaterra já é algo a ser comemorado por si só. No torneio de tênis de Wimbledon, mais ainda. O início da semana foi chuvoso e com partidas adiadas, dor de cabeça para os organizadores.

Nesta sexta-feira (7), quinto dia de competições, escrevo esta coluna de um lugar bem incrível do planeta: dentro da quadra central, onde o número um do mundo, Carlos Alcaraz, enfrenta Alexandre Muller. Arquibancadas lotadas, uma imensidão de chapéus panamá, vestidos floridos e copos de Pimm’s, um dos drinks preferidos dos ingleses.

Ainda jogam hoje Andy Murray, Iga Swiatek, Novak Djokovic. Que dia lindo também para quem gosta de tênis. Todos aqui sabem quanto são privilegiados. Arrumar ingresso é difícil. Em geral, é preciso ser sorteado ou dormir na fila –algo que até virou tradição. Ninguém reclama, as pessoas se divertem, fazem amizades.

Alcaraz devolve saque em seu triunfo sobre Muller - Andrew Couldridge/Reuters

Reclamar, aliás, é raro por aqui (ainda mais sem o bad boy barraqueiro Nick Kyrgios, lesionado). Ingleses são educados, mas em Wimbledon é impressionante. Todos, do público aos envolvidos na organização, têm um sorriso no rosto e te atendem com cortesia. Na hora da chuva que ia e voltava, espectadores arrumavam um canto coberto, ou aproveitavam para comprar mais um pote de morangos com creme, a sobremesa típica. A estação de metrô mais perto do complexo está sempre cheia, mas as pessoas esperam pacientemente para entrar nos trens.

Com o volume de partidas, as quadras famosas mundialmente por sua perfeição já começam a dar sinais de desgaste. O torneio só termina dia 16 de julho, mas os organizadores não se desesperam. Tudo relacionado à grama é monitorado, incluindo a altura, e ela é cortada diariamente para se manter com exatos oito milímetros.

"Wimbledon só não é perfeito porque é uma criação humana", disse-me um jornalista argentino que também está por aqui.

Duas partidas foram interrompidas brevemente depois que o grupo Just Stop Oil –que defende o fim do uso de combustíveis fósseis– invadiu a quadra, mas, fora isso, tudo parece ter saído de um conto de fadas. Como não gostar de um mundo imaginário assim, tão bonito? Pergunto-me já sabendo a resposta, ao caminhar pelos corredores decorados com flores de cor branca, verde e roxa, tons do torneio. Murray havia acabado de ganhar uma partida com Kate Middleton e Roger Federer na plateia –realeza, e realeza do esporte.

Roger Federer e a princesa de Gales, Kate Middleton (de verde), acompanham partida do tradicional torneio de Wimbledon - Toby Melville - 4.jul.23/Reuters

Estou na minha terceira cobertura de Wimbledon e acho o torneio igual e ao mesmo tempo diferente. Há tradição e algo que te surpreende. Nesta edição, russos e belarussos voltaram, houve uma mudança nas regras do uniforme branco, com permissão para as mulheres usarem shorts escuros por baixo da saia, e até um novo romance –o recém-assumido namoro entre os tenistas Stefanos Tsisipas e Paula Badosa, com direito ao novo apelido de "Tsitsidosa" criado pelo casal (sim, é isso mesmo que você leu).

Quando a chuva atingiu a quadra central antes que o teto retrátil fosse fechado, causando um atraso enorme na partida entre Djokovic e Pedro Cachin, o sérvio pegou a própria toalha e começou a abanar a grama, para delírio do público. Funcionários com máquinas de limpar folhas começaram a andar pela quadra. Djokovic disse que, apesar da situação inusitada, estava feliz de estar no "templo do tênis". Onde quase tudo é perfeito, só não dá para controlar o imprevisível clima londrino.

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