Mauricio Stycer

Jornalista e crítico de TV, autor de "Topa Tudo por Dinheiro". É mestre em sociologia pela USP.

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Netflix acirra guerra pelos direitos de transmissão esportiva

Plataforma, que já exibe golfe, tênis e automobilismo, vai entrar no futebol americano

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Até poucos anos atrás, quando você desejava ver uma determinada partida de futebol, bastava ligar a televisão. Hoje não mais. Antes de se sentar no sofá, é preciso ir ao Google para descobrir qual canal ou plataforma vai exibir o jogo.

Lance de Corinthians 1 x 0 São Paulo, final do Campeonato Brasileiro de 1990, no Morumbi - Sérgio Andrade - 16.dez.90/Folhapress


Dezenas de sites, dos mais respeitáveis aos mais caça-cliques, oferecem notícias semelhantes de segunda a domingo. O título começa sempre com "onde assistir", seguido da partida em questão.

Pessoas de mais idade, menos habituadas às manhas da internet, ficam perdidas. Não que o número de jogos tenha aumentado. É a diversificação da oferta que causa essa pequena dificuldade.

Antes quase monopolizada pela Globo, a transmissão de partidas de futebol hoje vive um momento de competição feroz. A emissora segue dona dos direitos da Série A do Brasileiro na TV aberta e de vários outros torneios. Mas não está mais sozinha.

Com a queda de receitas durante a pandemia e a necessidade de reduzir custos, a Globo se viu obrigada a rever os contratos milionários que asseguravam sua exclusividade em várias competições. A emissora começou a abrir mão de alguns torneios e revendeu os direitos de partes de competições que havia comprado.

Some-se a isso o apetite dos grandes grupos estrangeiros, atuando na TV por assinatura e em plataformas de streaming. O futebol é uma mercadoria valiosa pela capacidade de atrair publicidade e, como todo evento ao vivo, gerar enorme engajamento do público.

O SBT comprou os direitos de exibir partidas da Champions League, um dos torneios mais legais do mundo. Neste último sábado, foi líder de audiência exibindo a final da competição, entre Real Madrid e Borussia Dortmund. De quebra, a partida foi narrada por Cleber Machado, dispensado da Globo depois de décadas.


Para quem dispõe apenas de TV aberta, Band e TV Brasil estão exibindo jogos da Série B do Brasileiro. Um canal no YouTube chamado Goat também está mostrando jogos desse torneio.

Os direitos de transmissão da Libertadores e da Sul-Americana, duas competições importantes, estão divididos entre a TV aberta, a TV por assinatura e plataformas de streaming. Além do grupo Globo, a Paramount e canais dos conglomerados Disney e Warner exibem partidas não apenas de times brasileiros, mas também de equipes de vários países do continente.

Partidas da Copa do Brasil, outro torneio relevante, foram divididas entre canais do grupo Globo e a Amazon Prime Vídeo. Onde assistir? Só pesquisando na internet.

Essa pulverização da oferta está longe de ser um fenômeno brasileiro e não é exclusivo do futebol. Nesse sentido, é interessante acompanhar a movimentação da Netflix.

Inicialmente focada apenas em entretenimento (filmes, séries e realities), a gigante do streaming começou há poucos anos a dar sinais de interesse pelos esportes. Investiu em programas de automobilismo, golfe e tênis, entre outros.

Cinegrafista da Netflix filma o norte-americano Justin Thomas em partida de golfe na Flórida - Cliff Hawkins/Getty Images via AFP


Neste ano, a empresa comprou os direitos de um torneio de luta livre que será exibido em 2025. Mais importante, anunciou que vai transmitir duas partidas da NFL, a liga de futebol americano, em datas próximas ao Natal deste ano. Atualmente, cerca de 40% dos novos assinantes da Netflix adquirem o pacote que inclui anúncios comerciais, inseridos antes ou durante a exibição de séries e filmes.

São apenas dois jogos, mas o mercado está agitado. Tem toda a cara de teste, para avaliar o potencial do negócio (publicidade e audiência), mas é um teste feito pela maior plataforma de streaming do mundo.

Se a empresa gostar da experiência, é possível prever que o mercado vai mudar radicalmente.

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