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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Imposto e risco ambiental travam desmonte de plataforma

Estima-se que 74 sistemas precisam ser descomissionados a partir de 2019

Maria Cristina Frias

A incerteza quanto à cobrança de impostos e os riscos ambientais são os principais entraves para o desmonte de plataformas de petróleo cuja vida útil já chegou ao fim, segundo entidades do setor.

A estimativa é que 74 sistemas precisam ser descomissionados a partir do ano que vem, segundo a Sobena (Sociedade Brasileira de Engenharia Naval) e a ANP (Agência Nacional do Petróleo).

Plataforma P-61, em Angra dos Reis (RJ) - Dado Galdieri - 11.jul.13/Bloomberg

“O descomissionamento requer muitos cuidados para que não haja um dano ambiental grave, e não há segurança jurídica para fazê-lo”, afirma Sergio Bacci, do Sinaval (sindicato da indústria naval).

“O tema se tornou importante porque os estaleiros estão sem obras e o setor pode se beneficiar. Em tempos de bonança, dificilmente isso seria feito [com empresas que atuam] no Brasil.”

Parte dos materiais, como equipamentos e o aço usado nas estruturas, pode ser revendido, mas a prática esbarra na tributação, diz Bruno Stupello, da consultoria Terrafirma.

“É preciso pagar imposto de importação sobre todos os equipamentos trazidos [para a costa brasileira], o que não é viável, até pela dificuldade de calcular o valor dos ativos.”

“Dificilmente teremos [avanços] neste ano, ainda mais por termos eleições. O tema é altamente técnico e é preciso analisar cada impacto ambiental e desmontagem isoladamente”, diz Ronald Carreteiro, da Sobena.

A Petrobras, dona das plataformas, afirma que irá buscar empresas nacionais e internacionais para os descomissionamentos, e que cinco projetos estão em andamento. O montante gasto em cada um deles não foi revelado.

Uma nova regulamentação sobre o assunto deverá ir a consulta pública no segundo semestre, segundo a ANP.

 

Indústria tem primeira queda de produtividade em dois anos

A produtividade da indústria caiu pela primeira vez desde o início de 2016, segundo a CNI (confederação do setor).

O indicador, calculado a partir da divisão do volume de produto das fábricas pela quantidade de horas trabalhadas, teve retração de 0,9% no primeiro trimestre deste ano na comparação com os últimos três meses de 2017.

“Havia uma expectativa de recuperação econômica mais acelerada para 2018 do que a que temos observado. Isso gera um efeito de redução do ritmo para não haver excesso de produção”, afirma Renato da Fonseca, gerente executivo de pesquisas da CNI.

O indicador apresentou crescimento de 3,4% quando comparado com o mesmo período de 2017.

“O normal seria termos um aumento do ritmo já a partir do segundo trimestre, mas as interrupções causadas pela greve dos caminhoneiros podem alterar um pouco o quadro.”

A previsão ainda é de variação positiva para 2018 como um todo, segundo Fonseca. O aumento foi de 4,4% no ano passado.

 

Reestruturada, Rodobens deve adquirir R$ 1 bi em terrenos

A RNI (Rodobens Negócios Imobiliários) vai fazer neste ano aquisições de R$ 1 bilhão em terrenos para seus futuros lançamentos. A prioridade é negociar permutas com proprietários de áreas. Regiões no interior do país, com destaque para o Centro-Oeste, o triângulo mineiro e São Paulo são as mais procuradas.

“Essas áreas, em cidades com mais de 100 mil habitantes, não passam por crise e têm poucos concorrentes”, afirma o copresidente Alexandre Mangabeira.

Além de dois empreendimentos já lançados, a empresa planeja outros sete até dezembro: em Campo Grande (MS), Feira de Santana (BA), Ourinhos (SP), Pacatuba (CE), Rio Preto (SP), Uberlândia (MG) e Várzea Grande (MT)— 40% serão condomínios horizontais. 

Foram três em 2017, quando a companhia, que chegou a ter 450 funcionários, reestruturou-se, ao registrar prejuízo de R$ 93,2 milhões.

“Enxugamos custos, reduzimos a dívida para cerca de R$ 30 milhões em abril e geramos R$ 15 milhões de caixa. Esperamos voltar a ter [bons] resultados no início de 2019”, diz Carlos Bianconi, também copresidente.

R$ 50 milhões
foi a receita líquida no 1º tri.18

R$ 11,7 milhões
foi o prejuízo no período

260
são os funcionários

 

Para clientes O Banco Rodobens passará a oferecer uma nova linha de financiamento de imóveis da RNI. O produto deverá ser lançado no mercado em junho, segundo Alexandre Mangabeira, copresidente da incorporadora.

Custo da greve... No segmento de diálise, a Fresenius Medical Care, que tem clínicas e medicamentos para o tratamento de doença renal, está com 46 contêineres parados no porto de Santos, com diversos insumos.

...na saúde São produtos como bicarbonato de sódio, bolsas, conectores, agulhas, dialisadores, linhas de sangue e equipamentos já liberados, mas que não são retirados porque o acesso de caminhões ainda está bloqueado.

Conta alta A empresa está gastando quase R$ 500 mil apenas com esse armazenamento da carga já autorizada a sair dos terminais desde 16 de maio. Os materiais são necessários para a produção na fábrica de Jaguariúna (SP). 

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

Erramos: o texto foi alterado

A RNI (Rodobens Negócios Imobiliários) chegou a ter 450 funcionários, e não 4.500, como informado anteriormente. A informação inicial foi dada pela empresa.

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