A designer e ativista Priscila Martins irá processar o Governo de São Paulo por "violência e constrangimento ilegalmente perpetrados" durante manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), realizada na capital paulista no último sábado (3).
Martins relata ter sido agredida por policiais militares com pancadas na cabeça, no pescoço e nas costas durante sua passagem pela rua da Consolação, na região central. Após o ocorrido, ela precisou procurar atendimento médico e recebeu uma sutura de dez pontos na região da cabeça.
Naquele sábado, manifestantes realizaram o terceiro ato em 35 dias pelo impeachment do presidente da República. Na cidade de São Paulo, houve atrito com a polícia no início da noite, quando um grupo ateou fogo em uma agência bancária no centro e depredadores entraram em confronto com seguranças da estação Higienópolis-Mackenzie, da linha 4-amarela do metrô.
De acordo com a defesa da designer, ela gravava vídeos do ato no momento em que um rapaz foi agredido —e, na tentativa de filmá-lo, foi golpeada pelos PMs (veja vídeo abaixo, a partir de 2:25 minutos).
"É inadmissível que a Polícia Militar do estado de São Paulo continue agindo de forma violenta e ilegal, atacando cidadãos que exercem seu direito à manifestação pacífica", afirma o advogado criminalista Pedro Martinez, que representa Martins.
"O governo orienta mal ou deliberadamente direciona seus policiais para a violência gratuita e isso tem que acabar", segue. Martinez diz que entrará com processo na esfera cível, solicitando indenização ao estado paulista pelo episódio, e na esfera criminal pela responsabilização pessoal dos agentes envolvidos.
Questionada, a Secretaria de Segurança Pública afirma que o caso foi registrado pelo 4º Distrito Policial e que a Polícia Militar apura a denúncia para esclarecer as circunstâncias dos fatos.
"A equipe da unidade [4º DP] entrou em contato com a vítima e marcou o depoimento para os próximos dias. Ela foi orientada sobre o prazo para a representação e manifestou interesse em fazer", afirma a pasta.
Priscila Martins é ativista ambiental e participa de coletivos como União das Mulheres de São Paulo, que enviou uma carta ao governador João Doria (PSDB) em seu apoio.
"Quando a segurança pública usa de violência injusta contra seus cidadãos, não só a vida e a integridade física de brasileiros são violadas, mas a própria democracia é golpeada", afirma a organização no documento.
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