O PSOL intensificou a discussão de uma agenda de propostas que poderá ser usada na negociação do apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), empurrando a campanha do petista em direção à esquerda.
BASES
A coordenação dos trabalhos foi entregue a um ex-petista, o ex-deputado federal Claudio Puty, hoje secretário municipal da gestão do PSOL em Belém. Ele iniciou uma série de encontros para atualizar o programa da legenda e definir temas prioritários para a sigla nas eleições deste ano.
ÁGUA E ÓLEO
A tendência da fatia mais influente do partido é fechar com Lula, mas uma ala defende candidatura própria —e ambas são críticas à presença do ex-tucano Geraldo Alckmin na chapa, lida como uma concessão à centro-direita.
À MESA
A decisão final sobre o rumo do PSOL ainda será deliberada pelo comando. Mesmo os dirigentes simpáticos à aliança com o PT pregam a necessidade de impor condições e trabalhar para que o programa abrace causas progressistas, evitando posições excessivamente conciliadoras.
PONTOS
"A base de tudo é a revogação do conjunto de medidas aprovado pelos governos Temer e Bolsonaro", diz Puty, citando as revisões do teto de gastos e da reforma trabalhista, também no radar de Lula. Taxação de grandes fortunas e sistema tributário progressivo são outras demandas.
O processo, em fase inicial, envolverá consultas populares, uma plataforma digital e seminários regionais, culminando em um documento que será submetido à executiva nacional. O material também deverá servir de base para candidaturas do PSOL, como a de Guilherme Boulos a governador de São Paulo.
HORIZONTE
"A tarefa do PSOL nesta eleição é apontar um futuro para o país e o futuro da esquerda", afirma Puty. "Tem muita coisa que a gente precisa reconstruir após Bolsonaro, mas não pode se tratar de simplesmente uma volta ao passado. Temos é que planejar o amanhã, olhar para a frente."
Falando da vontade do partido de "funcionar como um elemento propulsionador da esquerda no Brasil", o ex-deputado diz que "provavelmente o PT vai ter certos compromissos que o PSOL não tem", daí o desejo "de ajudar o país a avançar tendo à sua frente um presidente progressista".
"Temos que discutir questões como o papel social do sistema financeiro. O sistema está atuando para promover o bem comum? Sem falar no debate sobre o papel público dos meios de comunicação privada e a função das Forças Armadas, que têm que defender o Brasil, e não interesses de nações estrangeiras."
NAS REDES
JOELMIR TAVARES (interino), com LÍGIA MESQUITA, BIANKA VIEIRA e MANOELLA SMITH
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