O secretariado paulista Diversidade Tucana, núcleo do PSDB dedicado às pautas LGBTQIA+, afirmou que o segmento perde espaço e o direito de ter um candidato que representa a sua causa com a desistência de João Doria (PSDB) da corrida pelo Planalto.
Em nota elaborada nesta segunda-feira (23), o grupo afirma que respeita, mas lamenta profundamente a decisão tomada pelo ex-governador.
"Entendemos que ele seria um grande representante do nosso núcleo político na instituição de políticas públicas que garantiriam direitos à comunidade LGBTQIA+ de âmbito nacional", afirma o texto.
O secretariado exalta trabalhos feitos na gestão de Doria, como a ampliação do Museu da Diversidade Sexual—hoje fechado após decisão judicial—, além da criação da Delegacia Online da Diversidade e do Procon Diversidade.
O presidente do Diversidade Tucana de São Paulo, Ivan Santos, afirma à coluna que foi pego de surpresa com o anúncio da desistência nesta terça.
"A gente está meio triste mesmo. É como se fechassem uma porta. O governo [Doria] sempre trabalhou na transversalidade, criando políticas não só para LGBTQIA+, mas para mulheres, para a população negra e para a juventude", diz Santos.
"Não desmerecendo os outros governadores [do PSDB em São Paulo], claro, mas nunca se teve um avanço muito grande em tão pouco tempo", continua.
O ex-governador de São Paulo anunciou nesta segunda-feira (23) que desiste de sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, cedendo a pressões da cúpula do seu partido, que pretende anunciar apoio à senadora Simone Tebet (MDB-MS) e consolidar uma candidatura única da chamada terceira via.
"Me retiro da disputa com o coração ferido, mas com a alma leve. Saio com sentimento de gratidão e a certeza de que tudo o que fiz foi em benefício de um ideal coletivo, em favor dos paulistanos, dos paulistas e dos brasileiros", disse em seu discurso.
"Hoje, serenamente, entendo que não sou a escolha da cúpula do PSDB. Aceito esta realidade com a cabeça erguida. Sou um homem que respeita o bom senso, o diálogo e o equilíbrio. Sempre busquei e seguirei buscando o consenso, mesmo que ele seja contrário à minha vontade pessoal. O PSDB saberá tomar a melhor decisão no seu posicionamento para as eleições deste ano", afirmou.
"Seguirei como observador sereno do meu país. Sempre à disposição de lutar a guerra para a qual eu for chamado. Na vida pública ou na vida privada. Que Deus proteja o Brasil", concluiu Doria.
O anúncio, feito em tom grave, na casa alugada para seu comitê de campanha, nos Jardins, contraria a postura de Doria e de seus aliados nos últimos dias, que vinham negando a possibilidade de abrir caminho para a emedebista.
Dirigentes do PSDB não acreditavam que haveria acordo com Doria e apostavam até na judicialização do imbróglio. O tucano chegou a sinalizar que buscaria a Justiça Eleitoral para garantir que o PSDB lhe desse legenda com base no fato de ter vencido prévias em novembro passado.
Ele discursou com um painel da bandeira do Brasil ao fundo e acompanhado pelos aliados mais próximos e pela esposa, Bia Doria. Foi bastante aplaudido por correligionários e chorou ao fim da fala de cerca de dez minutos.
Veja, abaixo, a íntegra da nota elaborada pelo secretariado Diversidade Tucana:
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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