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Alexandre de Moraes dá 4 horas para PF e PRF explicarem operações suspeitas para prejudicar Lula

Ministro recebeu neste sábado (29) uma notícia de fato apresentada pelo PT, afirmando que as corporações estão sendo usadas em favor da campanha de Bolsonaro

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O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, deu quatro horas para que os diretores da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) expliquem operações das corporações que foram deflagradas para o segundo turno das eleições.

O ministro recebeu neste sábado (29) uma notícia de fato apresentada pelo PT, afirmando que as corporações estão sendo usadas com o intuito de prejudicar Lula na reta final das eleições.

O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes - Pedro Ladeira -18.ago.2022/Folhapress

O deputado federal Paulo Teixeira (PT), que integra a coordenação da campanha de Lula, protocolou a ação no TSE pedindo que fossem tomadas providências a fim de impedir a atuação da PF e da PRF em favor da campanha de Jair Bolsonaro (PL).

Na noite de sexta (28), Gleisi Hoffmann, presidente do PT, escreveu no Twitter que a campanha petista recebeu denúncias de que as duas corporações estariam sendo instrumentalizadas pelo governo para fazer operações com "objetivo eleitoral". "Diante de quem nunca hesitou em usar o Estado contra adversários, estamos pedindo providências ao TSE, em nome da lisura da eleição", afirmou ela.

Uma postagem do ministro da Justiça, Anderson Torres, reforçou as suspeitas de que a máquina policial bolsonarista saíra em campo visando prejudicar o PT.

Neste sábado (29), em publicação no Twitter, o ministro afirmou que a pasta fará uma grande operação para evitar crimes eleitorais que envolverá a integração de 10 mil policiais federais com cerca de 500 mil agentes das forças de segurança estaduais. "As polícias do Brasil estão preparadas para dar essa segurança, mas vamos fazer o controle de tudo isso através do Centro Integrado de Comando e Controle, aqui de Brasília", disse ele em vídeo.

Torres também escreveu que, na sexta (28), foram apreendidos quase R$ 5 milhões em dinheiro, sem dar detalhes. Na sua decisão, Alexandre de Moraes determina que o diretor-geral da PF, Márcio Nunes de Oliveira, informe "imediata e detalhadamente" todas essas apreensões que foram noticiadas pelo Ministério da Justiça" e "se há provas ou indícios de serem de competência da Justiça Eleitoral".

A notícia fato que foi apresentada pelo PT cita reportagens veiculadas na imprensa que indicariam o aparelhamento da PF e da PRF. Uma delas, publicada no UOL na sexta (28), noticia que o Ministério Público Eleitoral (MPE) abriu apuração preliminar sobre suposto uso eleitoral da PRF a favor da reeleição de Bolsonaro. A medida foi tomada após a corporação instaurar processo contra um servidor que declarou voto em Lula.

Outra reportagem citada na representação petista é da CNN Brasil que afirma que o Ministério Público Federal apura indícios de utilização eleitoral da PRF.

Também faz parte da ação notícia dada pela coluna, em 12 de outubro, sobre informação recebida por dirigentes do partido a respeito de uma nova operação da PF que poderia atingir aliados de Lula a poucos dias do segundo turno das eleições presidenciais.

"As diversas notícias recentes, dando conta de um suposto aparelhamento da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal, em ações concertadas para beneficiar o candidato Bolsonaro, adquire contornos deveras sensíveis, notadamente em vista dos anúncios públicos a respeito da realização de operações em regiões historicamente favoráveis ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva", diz trecho da representação feita ao TSE pela campanha petista.

Como exemplo, é apresentada uma notícia do G1 sobre operação especial que a PRF vai fazer nas estradas federais que cortam a Bahia para o segundo turno. No estado, Lula teve 69,73% dos votos válidos no primeiro turno, contra 24,31% de Bolsonaro.

"É necessário registrar que toda essa ambiência, síncrona ao calendário eleitoral, insere-se em um estratagema levado à efeito pela campanha do candidato Bolsonaro 'com a finalidade de tumultuar o segundo turno', como foi recentemente constatado por essa corte", afirma a campanha petista.

O trecho se refere à frase de Moraes ao rejeitar a ação apresentada pela campanha de Bolsonaro sobre suposto boicote de rádios na veiculação da propaganda eleitoral.

"[...] Em considerações as diversas ações curso acima historiadas, requer-se, respeitosamente, que sejam adotadas as providências cabíveis [...] a fim de efetivamente verificar e obstar a atuação instrumentalizada da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal voltada a eventualmente interferir no processo eleitoral", solicita a ação da campanha de Lula.

Em sua decisão, Moraes afirma que, diante das notícias de iniciativas que podem ter influência no pleito eleitoral, é competência do TSE "fiscalizar a lisura dos procedimentos de maneira que não se altere a paridade nas eleições".

Ele determina que o diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, informe, no prazo de quatro horas, "os procedimentos e objetivos da citação operação" e também que a corporação "colabore com a Justiça Eleitoral no sentido de efetivar as garantias necessárias do pleno transporte público aos eleitores", nos termos da decisão proferida pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), e da resolução aprovada pelo TSE.

Nesta semana, ministros da corte aprovaram uma resolução que veta o corte de transporte público no segundo turno e permite que gestores ofereçam novas linhas ou passe livre no dia de votação sem que fiquem sujeitos a acusações de crime eleitoral ou improbidade.

Também dentro do prazo de quatro horas, Moraes pede explicações ao diretor-geral da PF, Márcio Nunes de Oliveira, sobre as apreensões anunciadas no Twitter pelo ministro da Justiça, Anderson Torres.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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