Mônica Bergamo

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Descrição de chapéu Folhajus

Deputado do PT pede que Rodrigo Garcia seja investigado por causa de seu patrimônio

Governador nega ilegalidade e diz que herdou de seus pais bens ligados a empresa em seu nome

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O deputado estadual José Américo (PT) enviou ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubbo, um pedido para que o governador paulista Rodrigo Garcia (PSDB) seja investigado por suposto enriquecimento ilícito.

Como mostrou a Folha em agosto, o tucano tem um patrimônio real que inclui fazendas, mansões e outros imóveis em nome de sua empresa, bem acima do declarado à Justiça Eleitoral no pleito deste ano.

O governador Rodrigo Garcia durante entrevista nos estúdios do SBT, em Osasco (SP) - Ronny Santos - 17.set.2022/Folhapress

Os imóveis estão registrados em nome da Centroeste Agropecuária, que pertence ao governador, e podem valer dez vezes mais do que o declarado, de acordo com avaliações de corretores ouvidos pela Folha.

A Centroeste possui fazendas de criação de gado em Mato Grosso do Sul e Goiás —em uma área que, somada, equivale a 27 parques Ibirapuera, segundo cadastro—, além de casas de alto padrão no interior de São Paulo.

"Estamos diante de um caso gravíssimo de enriquecimento de uma autoridade pública, no caso, o governador do principal estado do país, que detém um patrimônio que pode chegar a R$ 90 milhões, sem possuir lastro para tanto em sua atividade empresarial e profissional", afirma o deputado José Américo na representação.

O governador declarou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) um total R$ 5,7 milhões em bens ao registrar a sua candidatura, sendo o mais rico entre os candidatos ao governo paulista. Na lista, há R$ 2 milhões em cotas da empresa Centroeste, dona de bens superiores a este valor.

Conforme revelou a coluna Painel, ele também omitiu da Justiça Eleitoral uma mansão localizada no condomínio de alto luxo Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz, no interior do estado (116 km da capital).

A não inclusão dos bens não é ilegal, mas dificulta a transparência sobre o patrimônio do candidato.

Questionada à época, a assessoria do governador afirmou que não há ilegalidade e que o capital social da empresa não tem relação necessária com o valor das cotas e seu patrimônio.

"Os bens pertencem à empresa. Rodrigo Garcia não poderia declará-los como se pertencessem à pessoa física, inclusive sob pena de configurar crime de falsidade ideológica eleitoral. A declaração trouxe as cotas da empresa, pelo valor de seu capital social", afirmou.

Em nota enviada à coluna nesta quinta-feira (3), a assessoria de Garcia reforça que não há nenhuma ilegalidade em relação aos seus bens. "Aos 22 anos, Rodrigo recebeu de doação de seus pais a empresa Centroeste com atividades no ramo de transportes, agropecuária, além da compra e venda de imóveis", afirma.

"Dois anos depois, na sua primeira eleição, cumpriu o que prevê a legislação e a empresa foi declarada ao Tribunal Eleitoral, assim como consta em sua declaração de Imposto de Renda. Rodrigo Garcia sempre teve suas atividades privadas como principal fonte de renda, conforme declarado à Receita Federal", finaliza.

Na representação enviada ao chefe do Ministério Público de São Paulo, o deputado José Américo destaca que o patrimônio do governador é incompatível com a sua renda proveniente das funções de secretário estadual e de deputado, desempenhadas antes que ele assumisse o Palácio dos Bandeirantes.

"Registre-se que sua atividade empresarial, como acionista da empresa 'Centroeste Participações e Agropecuária', vem sendo desenvolvida secundariamente em relação à sua vida política e os resultados econômicos deste e de outros empreendimentos de que participou foram sempre pouco transparente", acrescenta.

O deputado estadual de São Paulo também lista ocasiões em que Rodrigo Garcia foi citado em delações feitas por ex-executivos da Odebrecht e da JBS e também pelo ex-diretor do Metrô Sérgio Brasil.

"A vida empresarial e política de Garcia foi marcada por várias acusações de corrupção, que podem explicar a sua monumental fortuna", diz José Américo.

Rodrigo foi admitido como sócio da Centroeste em 1996, sendo um dos donos ao lado da mãe —o pai se retirou do comando da empresa. Em julho de 1998, o então aliado de Rodrigo Gilberto Kassab (PSD) passou a ser um dos sócios da Centroeste.

Paralelo aos negócios, a dobradinha Rodrigo e Kassab deu início à campanha que levou o primeiro a ser eleito deputado estadual e segundo à Câmara Federal.

Segundo dados da Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo), Kassab deixou a Centroeste em março de 2007, no mesmo dia em que foi admitido como sócio Flavio Castelli Chuery, que atuou como assessor parlamentar de Rodrigo e Kassab.

Rodrigo e Kassab se conheceram através do PFL, em meados dos anos 1990, e a parceria na carreira política se encerrou com uma briga em 2011. Ambos não se falam até hoje.

Além de comprar imóveis, a empresa Centroeste também os negocia. A reportagem localizou a venda de dois imóveis em São José do Rio Preto. Também foi realizada a transferência de uma fazenda em Paranaíba à empresa Comapi Agropecuária, em 2012, por valor que hoje seria de R$ 3,7 milhões.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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