Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo

Betty Faria critica 'boboca' que 'xinga velha' na internet após polêmica com Bruno Gagliasso

Atriz, que se manifestou a favor de Patricia Poeta, afirma que não se intimidou na ditadura e não vai se calar agora, principalmente se for para defender uma mulher

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Às vésperas de completar 82 anos, a atriz Betty Faria diz que o "ser humano está envenenado de ódio" e que "vivemos na época da hipocrisia". A artista foi, recentemente, atacada na internet por sair em defesa da apresentadora Patricia Poeta. A jornalista vem sendo criticada por, entre outras coisas, ter interrompido ao vivo uma fala de Manoel Soares, seu colega no programa Encontro (Globo).

Betty tuitou que há uma campanha contra Patricia e questionou se Manoel seria uma vítima. Por causa disso, virou alvo nas redes. O ator Bruno Gagliasso chegou a compará-la à atriz Regina Duarte, que ficou conhecida nos últimos anos por espalhar fake news e defender o governo de Jair Bolsonaro (PL) —Betty se opôs ao bolsonarismo e apoiou o candidato Ciro Gomes (PDT) no último pleito.

A atriz Betty Faria, no Rio de Janeiro - Lucas Seixas - 29.set.2021/Folhapress

"Nós estamos vivendo na época da hipocrisia. Tem que ser politicamente correto. Se uma pessoa que sofre algum tipo de preconceito faz uma cagada, não age corretamente, você não pode falar, porque existe uma militância que reage", desabafa.

Betty conversou com a coluna na semana passada, por videoconferência. Aceitou falar sobre o tema de forma generalizada, sem citar o nome de Gagliasso.

"Mas eu não vou me calar. Sempre fui rebelde. Vou falar o que eu quiser, o que me der vontade, o que eu achar que não está certo. Principalmente, se for para defender uma mulher, que é sempre a espinafrada", afirma ela.

Na véspera da entrevista à coluna, Betty disse ter conversado com uma amiga que é de "esquerda e muito inteligente" —e que ela não poderia dizer o nome—, e que teria afirmado que elas deveriam "ficar mais quietas".

"Vivi a ditadura [militar] nos anos 1960, 1970 e não fiquei quieta. Vou ficar quieta agora, a essa altura da vida?", questiona. "Como não pode falar? Que porra de democracia é essa que você não pode demonstrar desagrado com determinados comportamentos?", indigna-se. Ela completará 82 anos em maio.

A atriz, que segue contratada da Globo e acaba de rodar um filme em Portugal, diz que também ficou emocionada com todo o apoio que recebeu, especialmente o de Fafá de Belém. Mesmo afirmando não ser amiga de Betty, a cantora destacou em publicação nas redes sociais que a atriz a ensinou sobre "empoderamento feminino, liberdade, posicionamento e coragem".

"Foi uma declaração de amor, que eu vou levar para sempre no meu coração", diz a atriz. Betty Faria pondera, porém, que a discussão central evocada pela polêmica vai além do desrespeito causado pelos ataques que sofreu. "É a radicalização, é a guerra."

"E isso se reflete no boboca que entra na internet para xingar uma velha num domingo de manhã para aparecer, para ser herói. Entendeu?", argumenta. "Como é que chama agora o termo? É a lacração", diz, aos risos.

"As pessoas têm que ter consciência política. Já que tem internet, que tem mídia, veja um pouco do que está acontecendo no mundo. A extrema direita está entrando e tomando conta", analisa.

Para ela, o mundo precisa de paz, mas isso não significa que se aceite impunidade. "Se [a pessoa] estiver errada, tem que ser chamada a atenção, sim. Não vai agir mal, e eu vou ficar calada", enfatiza.

NOVOS PROJETOS

Se a radicalização das redes sociais têm preocupado Betty Faria, na vida profissional, ela diz que está bem satisfeita com seus trabalhos mais recentes. A atriz acaba de voltar de uma temporada de dois meses em Portugal, onde filmou o longa-metragem "Justa", da diretora portuguesa Teresa Villaverde.

A produção conta a história de um grupo de sobreviventes dos incêndios florestais que atingiram o país em 2017. Betty faz o papel de uma brasileira que fica cega. "Eu tenho muito medo dessa palavra desafio, mas foi o maior da minha carreira, porque eu nunca tinha feito uma personagem cega", diz.

Ela afirma também que foi uma "experiência inesquecível". "Fiz um filme há mais de 40 anos, que até hoje eu conto histórias, que é o 'Bye Bye Brasil' [de 1979, do Cacá Diegues]."

"Eu sinto que acabei de fazer o ‘Bye Bye Portugal’. Porque quando tem um filme assim, com emoções fortes, locações difíceis e uma equipe maravilhosa, vira uma família", afirma Betty.

A atriz também diz estar muito feliz com o sucesso que a novela "Partido Alto" (Globo, 1984) tem feito no Globoplay. O folhetim, escrito por Aguinaldo Silva e Gloria Perez, foi disponibilizado na plataforma de streaming da Globo no último dia 10.

Na história, ela faz o papel da manicure Jussara. "Os dois [Aguinaldo Silva e Gloria Perez] foram muito importantes na minha trajetória, porque me deram muitas oportunidades para mostrar o meu trabalho", salienta.

Betty Faria conta que, em sua temporada em Portugal, aproveitou para jantar com o autor, responsável pela adaptação para a TV de "Tieta", um dos personagens mais marcantes da carreira da atriz.

"Eu jantei com o Aguinaldo, e ele me disse assim: 'Estou escrevendo o meu livro de memórias, e um capítulo é só sobre você'", relembra ela, emocionada.

Questionada se voltaria a fazer novelas, Betty diz que aceitaria se fosse um "personagem gostoso". "Eu gosto de trabalhar e adoro fazer televisão", afirma. "E eu sou contratada da Globo. Não sei se é adequado falar, mas a Globo foi muito bacana, muito gentil comigo e ganhei um contrato vitalício. Então, estou à disposição da emissora", conclui.


LETRAS

O escritor e cineasta Marcio Pitliuk recebeu convidados, na semana passada, no lançamento do seu livro "O Engenheiro da Morte – A Participação da Elite Alemã no Holocausto". O empresário Sergio Comolatti prestigiou o evento, que ocorreu na Livraria da Vila do shopping Higienópolis, em São Paulo. O rabino Toive Weitman, diretor do Memorial do Holocausto em São Paulo, também passou por lá.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.