Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo
Descrição de chapéu Zé Celso (1937-2023)

Grupo Silvio Santos instalou câmera para impedir Zé Celso de plantar árvore em terreno, dizem amigos do diretor

OUTRO LADO: Procurado, grupo empresarial afirma que não irá se posicionar

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Um dos últimos capítulos da briga entre José Celso Martinez Corrêa e Silvio Santos foi a instalação de uma câmera de vigilância no terreno ao lado do teatro Oficina, no Bexiga, que era alvo da disputa entre os dois.

Segundo amigos do dramaturgo, morto nesta quinta (6) aos 86 anos, o grupo empresarial comandado pelo dono do SBT instalou o equipamento logo após a festa de casamento de Zé Celso e Marcelo Drummond, em 6 de junho.

De acordo com eles, seria uma forma de vigiar e impedir que o diretor plantasse uma árvore no espaço.

Silvio Santos e Zé Celso - Reprodução/TV Folha

No mesmo dia da festa de casamento, Zé Celso recebeu uma notificação sobre decisão judicial que o proibia de plantar um ipê ou promover qualquer ação na área vizinha ao Oficina. Caso descumprisse a determinação, a multa prevista era de R$ 200 mil.

A medida judicial foi resultado de uma ação proposta pelo Grupo Silvio Santos, após o diretor ter divulgado que iria plantar uma árvore no local, que tinha sido presente de casamento das atrizes Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, mãe e filha.

Segundo o ator Ricardo Bittencourt, amigo de Zé Celso, o dramaturgo ficou indignado com a instalação da câmera e estudava quais medidas poderia adotar contra a vigilância. "Nós íamos articular um advogado".

"Eles instalaram a câmera no local em que há acesso do teatro para o terreno para tentar controlar tudo e vigiar se iríamos plantar a árvore ou fazer qualquer coisa", afirmou o ator.

Procurado, o Grupo Silvio Santos diz que não irá se posicionar.

Desde 1980, o local é centro de uma disputa entre o empresário e o diretor. Silvio é o dono do lugar e pretendia construir ali um empreendimento imobiliário. Já o criador e diretor do Oficina lutava para que a área sediasse o parque do Rio Bexiga.

Em seu discurso no dia do casamento, Zé Celso criticou o apresentador.

"Faz 41 anos que essa luta existe. E, durante 41 anos, ele [Silvio] não conseguiu fazer nada [no local]", afirmou Zé Celso. "O parque do rio Bexiga é uma coisa que tem que acontecer mais cedo ou mais tarde, porque a história caminha no sentido de transformação", completou.

A briga entre os dois foi lembrada também em outros momentos da festa. Ao ler o texto dos padrinhos, o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que é obrigação deste grupo "zelar pela fertilidade" da terra do Oficina e lutar contra a "especulação imobiliária e os empreiteiros prediletos das grandes hecatombes".

À coluna, Zé Celso disse que o presente dado por Fernanda Montenegro e Fernanda Torres foi "ousado e revolucionário".

"Só pessoas com a imaginação intelectual delas podem perceber o grande significado dessa árvore, porque nós vamos plantar exatamente no terreno onde vamos fazer o parque do Bexiga. O ipê vai praticamente abrir o parque. Então, de alguma maneira, elas vão entrar nessa luta de conseguir com o Silvio Santos o terreno", afirmou.

A equipe que organizou o casamento, aliás, tentou convidar o empresário para a celebração com uma sugestiva indicação de presente: que Silvio doasse o terreno vizinho ao Oficina, o que não se concretizou.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.