Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu América Latina

Governo Lula ainda busca explicação para assassinato no Equador

Informações são confusas e motivação para o crime ainda não é clara; cenário aprofunda a instabilidade na América Latina, que o petista pretende liderar

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O governo do presidente Lula (PT) ainda busca entender as motivações para o assassinato de Fernando Villavicencio, candidato a presidente do Equador que foi ferido mortalmente na quarta (9).

As informações que chegam ao Ministério das Relações Exteriores são confusas. A facção criminosa Los Lobos reivindica o ataque, mas a hipótese de seus integrantes terem consumado o crime ainda não está comprovada pelas autoridades.

Fernando Villavicencio, candidato à Presidência do Equador, discursa em ato de campanha em Quito antes de ser morto
Fernando Villavicencio, candidato à Presidência do Equador, discursa em ato de campanha em Quito antes de ser morto - Karen Toro - 9.ago.23/Reuters

O Itamaraty divulgou uma nota dizendo lamentar o "deplorável ato", e afirmando confiar que os responsáveis "serão identificados e levados à Justiça".

O Equador estava até agora fora do radar das maiores preocupações de Lula com o continente, já que atravessava um processo eleitoral sem maiores turbulências.

A candidata Luiza González, do partido de esquerda Revolução Cidadã, estava com 26,6% das intenções de voto, com dez pontos de dianteira de Villavicencio, até então o segundo colocado.

Favorita, ela é apoiada pelo ex-presidente do Equador Rafael Corrêa, um antigo aliado de Lula no continente.

O assassinato de Villavicencio ocorre em um momento em que o governo brasileiro já vinha olhando com cuidado para toda a América Latina, especialmente para a Argentina e o Chile, onde a direita do tipo bolsonarista cresce nas pesquisas eleitorais e os respectivos governos de centro-esquerda enfrentam adversidade.

A Argentina, que vai realizar eleições primárias no domingo (13), tenta combater uma inflação de mais de 100% ao mês.

O país também passa por uma comoção: nesta semana, uma menina de 11 anos foi morta por ladrões numa cidade vizinha a Buenos Aires, chocando um país em que a violência vem subindo –ainda que seja muito mais seguro do que o Brasil.

Pesquisas mostram que a maior preocupação dos argentinos hoje é a inflação, com 55%, seguida da violência, com 38%.

O candidato que claramente tem a simpatia do governo Lula, o ministro da Economia, Sergio Massa, tem se mantido bem nas pesquisas. Mas a direita está em seu encalço, e a extrema direita bolsonarista, representada pelo ultraliberal Javier Milei, se mantém competitiva.

No Chile, o governo do presidente Gabriel Boric enfrenta também aumento de violência, problemas econômicos e denúncias de malversação de recursos públicos por parte de ministros.

Boric vê o crescimento de seu oponente, Jose Antonio Kast, o "Bolsonaro do Chile", nas pesquisas eleitorais.

Gustavo Petro, na Colômbia, igualmente enfrenta denúncias e o país está intranquilo, com protestos recentes contra e também de apoio a seu governo.

A onda rosa que varreu o continente nesta década, portanto, agora bate em pedras. E a instabilidade prejudica os planos de Lula, que tem a pretensão de liderar de fato a América Latina no momento em que já não há mais governantes no poder que façam frente a ele, como era o caso do casal Kirchner na Argentina, e do venezuelano Hugo Cháves nos anos 2000.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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