Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Advogado diz a Lula que comparar Israel ao Hamas 'machuca fundo' e 'ofende a alma' dos judeus

Roberto Podval, que já defendeu José Dirceu e familiares de Lula, afirma que também lastima mortes de inocentes, mas que grupo terrorista 'tem como regra matar judeus'

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O advogado Roberto Podval escreveu uma carta ao presidente Lula (PT) afirmando que ele tem "todo o direito de expressar sua indignação pelas centenas de mortes de palestinos inocentes". Mas que "equiparar as atitudes de Israel às do Hamas é injusto, desproporcional e ofende a alma de nós judeus. Machuca fundo".

"Não sei se sabe, querido presidente, mas o Hamas tem como regra matar judeus. Já Israel é uma democracia liberal", segue ele.

Repatriados da Faixa de Gaza chegam à Base Aérea de Brasília e são recebidos pelo presidente Lula (PT) e ministros
Repatriados da Faixa de Gaza chegam à Base Aérea de Brasília e são recebidos pelo presidente Lula (PT) e ministros - Pedro Ladeira/Folhapress

"Veja, presidente, não estou dizendo que não lastimamos a vida dos palestinos inocentes, tampouco estou dando razão a [o primeiro-ministro de Israel Binyamin] Netanyahu. Mas equiparar a ação de um Estado democrático à de um grupo terrorista é desmedido e machuca todos nós judeus, inclusive os que discordam da ação [de Israel]".

Podval advogou para José Dirceu e para familiares de Lula e foi sempre crítico da Operação Lava Jato e da prisão do petista. Ele apoiou a eleição de Lula contra Jair Bolsonaro (PL) em 2022.

O texto dele será entregue nesta terça ao presidente, por meio de um amigo comum. O advogado também pretende divulgá-la como carta aberta.

Na segunda-feira (13), Lula afirmou que depois do "ato de terrorismo do Hamas", a reação do Estado de Israel seria "tão grave quanto foi a do Hamas, porque eles estão matando inocentes, sabe, sem nenhum critério".

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) reagiu afirmando que a declaração de Lula era perigosa.

O presidente, no entanto, subiu o tom. Ao receber os brasileiros que foram repatriados de Gaza, ele disse que "se o Hamas cometeu um ato de terrorismo e fez o que fez, o Estado de Israel também está cometendo vários atos de terrorismo".

Podval afirma na carta que "ousaria afirmar que a imensa maioria dos judeus —seja de Israel, seja do mundo afora— compartilha dos mesmos sentimentos" em relação à morte de palestinos inocentes.
O problema seria a equiparação ao Hamas.

Ele diz ainda ter acompanhado "de perto toda a injustiça" pela qual Lula passou, e também "sua dor naquele cárcere ilegal [referindo-se à prisão em Curitiba].

Diz também ser "um entusiasta das suas ideias na busca por uma sociedade mais igualitária e justa, menos preconceituosa e onde as pessoas tenham o mínimo de dignidade".

E finaliza afirmando que "até pelos profundos respeito e admiração que tenho pelo senhor e por reconhecer tudo que representa para nós brasileiros, não poderia deixar de expressar meus sentimentos e convicções".

Leia, abaixo, a íntegra da carta:

"Meu querido presidente, como advogado que acompanhou de perto toda a injustiça pela qual passou, como ser humano que compartilhou sua dor naquele cárcere ilegal, como um entusiasta das suas ideias na busca por uma sociedade mais igualitária e justa, menos preconceituosa e onde as pessoas tenham o mínimo de dignidade, ouvi suas palavras criticando Israel e, mais que isso, equiparando-o ao Hamas.

Meu querido presidente, claro que tem todo direito de expressar sua indignação pelas centenas de mortes de palestinos inocentes, e para lhe dizer a verdade, ousaria afirmar que a imensa maioria dos judeus - seja de Israel, seja do mundo afora - compartilha dos mesmos sentimentos. Mas, meu presidente, equiparar as atitudes de Israel às do Hamas é injusto, desproporcional e ofende a alma de nós judeus. Machuca fundo.

Não sei se sabe, querido presidente, mas o Hamas tem como regra matar judeus. Já Israel é uma democracia liberal. Veja, presidente, não estou dizendo que não lastimamos a vida dos palestinos inocentes, tampouco estou dando razão a Netanyahu. Mas equiparar a ação de um Estado democrático à de um grupo terrorista é desmedido e machuca todos nós judeus, inclusive os que discordam da ação.

Enfim, querido Presidente, me desculpe o atrevimento, mas até pelos profundos respeito e admiração que tenho pelo senhor e por reconhecer tudo que representa para nós brasileiros, não poderia deixar de expressar meus sentimentos e convicções.

Desejo-lhe muita saúde e ainda mais sucesso na administração do nosso Brasil, grande abraço.

Roberto Podval
São Paulo, 13 de novembro de 2023."


JOGO DE CENA

A atriz e diretora de teatro Mika Lins recebeu convidados para a estreia do espetáculo "Escute as Feras", dirigido por ela e pela editora Fernanda Diamant. O evento ocorreu no Sesc Ipiranga, em São Paulo, no sábado (11). Baseado em livro homônimo escrito pela antropóloga francesa Nastassja Martin, o monólogo é interpretado pela atriz Maria Manoella. A atriz Carolina Manica compareceu ao evento.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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