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Indígenas acionam Ministério Público contra fazendeiros e vão ao STF após novas mortes na Bahia

Apib pede investigação do grupo Invasão Zero, criado por donos de terra do estado

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A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) ingressou com uma representação criminal no Ministério Público da Bahia pedindo a investigação do grupo Invasão Zero, criado por fazendeiros do estado.

A solicitação ocorre após o conflito com o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, que culminou com a morte da indígena Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, na cidade de Potiraguá, no mês passado.

Fazendeiros se encontraram na ponte do rio Pardo, que separa os municípios de Itapetinga e Potiraguá, no sul da Bahia, para juntos desocuparem uma área que estava sob domínio dos Pataxó Hã Hã Hãe - Clewton Dias - 20.jan.24/G4TV Bahia

"É nítido o intuito de assassinar as lideranças do povo Hã-Hã-Hãe, o que denota dolo, planejamento e ação organizada por parte do movimento ‘Invasão Zero’, diz o requerimento. A entidade também destaca que essa foi a segunda morte de uma liderança registrada no período de 30 dias e acusa a Polícia Militar do estado de omissão.

A Apib ainda ingressou com um novo pedido de medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e questiona a promulgação da lei do marco temporal pelo Congresso Nacional.

Funeral da indígena Maria Fátima Muniz de Andrade, a Nega Pataxó, assassinada em meio a um conflito com fazendeiros em Potiraguá (BA) - Leo Otero/MPI/Reuters

A articulação pede que a corte suspenda a eficácia da legislação. "A não demarcação de Terras Indígenas, resultado óbvio da vigência da Lei 14.701/2023, tem como efeito último e mais preocupante a vulnerabilização de seus ocupantes às violências praticadas por terceiros", afirma o pedido.

A entidade cita os recentes casos de violência no sul da Bahia. "Há indícios de que invasores e grileiros, com apoio de forças policiais, estejam se organizando em formato similar ao de milícias para orquestrar ataques contra populações indígenas em diferentes estados da federação", afirma a Apib, que diz não ver como coincidência a ocorrência das mortes na esteira da promulgação do marco temporal.

A morte de Nega Pataxó ocorreu durante uma tentativa de fazendeiros de retomarem uma fazenda ocupada —o ato foi convocado pelo Invasão Zero, segundo o Ministério dos Povos Indígenas. A investida deixou outros seis indígenas feridos. O tiro que matou Muniz saiu de uma arma que estava com um jovem de 19 anos, filho de um proprietário de terras da região.

A Polícia Civil da Bahia abriu um inquérito para investigar a atuação e os métodos de funcionamento do grupo que convocou o ato. A apuração sobre o assassinato da indígena Nega Pataxó será conduzida pela Polícia Federal.

A lei do marco temporal foi promulgada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em dezembro do ano passado, depois de o Parlamento derrubar os vetos do presidente Lula (PT) ao projeto.

O texto foi aprovado pelo Legislativo após articulação da bancada ruralista como resposta à decisão do STF, que julgou inconstitucional a tese de que devem ser demarcados os territórios considerando a ocupação indígena em 1988, data da promulgação da Constituição.

Na Ação Direta de Inconstitucionalidade, a Apib e as siglas PSOL e Rede, autoras da demanda, pedem que a lei seja declarada inconstitucional e que se considere que os direitos territoriais dos povos indígenas são direitos fundamentais e, portanto, cláusulas pétreas.

Coordenador nacional do grupo Invasão Zero, o produtor rural Luiz Uaquim afirmou à Folha que a entidade age dentro da legalidade e classificou como uma fatalidade a morte da indígena Nega Pataxó.

"Somos uma organização extremamente ordeira, pacífica e que luta pelos seus direitos de forma legal. O que aconteceu é extremamente atípico, uma fatalidade", afirmou.


PIPOCA

A atriz Samara Felippo prestigiou a sessão de estreia do longa "Fazendo Meu Filme" no Cinemark do shopping Cidade Jardim, em São Paulo, na segunda-feira (29). Os atores Bela Fernandes e Xande Valois, que estão no elenco da produção, compareceram. A escritora Paula Pimenta, autora do livro homônimo que inspirou a obra, esteve lá.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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