Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo
Descrição de chapéu Todas aborto

Prefeitura de SP recua e diz que não nomeará médica antiaborto para o Hospital Vila Nova Cachoeirinha

Marcia Tapigliani Baptista havia sido indicada para dirigir unidade que interrompeu oferta da interrupção legal da gravidez

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A Prefeitura de São Paulo voltou atrás e desistiu de nomear a ginecologista Marcia Tapigliani Baptista, que se posiciona abertamente contra o aborto, para o cargo de diretora do Hospital Municipal e Maternidade da Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da capital paulista.

A indicação da médica ocorreu um mês após a unidade de saúde suspender os procedimentos de interrupção legal de gravidez. O caso foi revelado pela coluna.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, durante cerimônia, em São Paulo - Danilo Verpa - 19.fev.2024/Folhapress

Marta mantém um discurso autointitulado "pró-vida" em suas redes sociais. "Diga não para o aborto! Não a [sic] nada mais desumano do que ter sua vida arrancada, de ter o seu corpo destroçado impiedosamente enquanto ainda está vivo, sem ter como se defender", diz um de seus posts, com a foto de um bebê recém-nascido.

Ela foi candidata a deputada estadual pelo PL nas eleições de 2022, mas não conseguiu se eleger. A médica também apoiou a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do hoje ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A Secretaria Municipal da Saúde chegou a realizar um processo interno de nomeação de Márcia para o Hospital Cachoeirinha. Ela foi exonerada de suas funções no Hospital Municipal Dr. Alxandre Zaio e nomeada para o cargo de diretor II do Hospital Cachoeirinha —o segundo posto mais alto na hierarquia de administração.

O documento da portaria, obtido pela coluna, é do dia 24 de janeiro. A nomeação, porém, não foi oficializada no Diário Oficial do Município.

Procurada pela coluna, a gestão de Ricardo Nunes (MDB) afirma, em nota, que "o processo citado foi encerrado, e a profissional não será nomeada para o cargo".

Em entrevista à Carta Capital no início deste mês, o secretário Municipal da Saúde, Luiz Carlos Zamarco, disse que ela assumiria o cargo. A própria médica fez um post no dia 30 de janeiro se despedindo da sua equipe de trabalho. "Gratidão infinita por todos vocês. Que venha o próximo desafio", escreveu ela.

No começo deste mês, a Justiça derrubou a liminar que obrigava a prefeitura a voltar a oferecer o serviço de aborto no Cachoeirinha.

O juiz de direito substituto em segundo grau Carlos Eduardo Prataviera acatou parcialmente um recurso apresentado pela gestão Ricardo Nunes e autorizou o município a encaminhar pacientes para outras unidades que fazem a interrupção, desde que não seja imposto um limite gestacional.

Como mostrou a coluna, só no início de 2024 ao menos 20 meninas e mulheres procuraram a unidade de saúde desde que o serviço foi encerrado. Algumas tiveram que recorrer a outros estados.

O número foi contabilizado pelo Projeto Vivas, organização que se dedica a viabilizar o acesso à interrupção legal e foi procurada pelas duas dezenas de pacientes —em sua maioria, vítimas de violência sexual.

Após os casos virem à tona, profissionais de saúde relataram à revista Marie Claire terem sido obrigados a encaminhar prontuários de atendimentos realizados entre 2020 e 2023 no Vila Nova Cachoeirinha. A prática é questionada pelo PSOL junto ao Ministério Público por supostamente violar o sigilo médico e não encontrar previsão legal.

A Secretaria Municipal de Saúde já afirmou que não comete abuso de autoridade ou violência institucional. "Os documentos solicitados, dentro dos protocolos, servem para apuração de eventuais irregularidades", disse, em nota. "A administração municipal está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos."


TERCEIRO SINAL

O ator Eduardo Sterblitch recebeu convidados para a estreia paulistana do espetáculo "Beetlejuice, o Musical", realizada na semana passada, no Teatro Liberdade. O diretor Rodrigo França e a atriz Vanessa Goulartt estiveram lá.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.