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Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Movimento Mulheres Negras diz que se solidariza com Anielle depois de denúncia de assédio

Relato foi recebido pela organização Me Too Brasil, e uma das vítimas seria Anielle; Silvio Almeida nega

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O movimento Mulheres Negras Decidem saiu em defesa da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, após denúncias de que ela teria sido assediada sexualmente por Silvio Almeida, chefe da pasta dos Direitos Humanos e da Cidadania.

"Testemunhamos e reafirmamos que, mesmo ocupando espaços de poder e decisão, mulheres negras seguem desprotegidas e vitimizadas por uma cultura misógina que rege a sociedade brasileira", diz a entidade, em nota divulgada nesta quinta-feira (5).

Ministra Anielle Franco (Igualdade Racial): secretária adjunta gerou mal-estar no conselho de igualdade racial
Ministra Anielle Franco (Igualdade Racial): secretária adjunta gerou mal-estar no conselho de igualdade racial - Pedro Ladeira/Pedro Ladeira/Folhapress

O movimento afirma que se solidariza com Anielle "neste momento tão difícil e perturbador". "Assim, entendemos que não há aqui um fato novo. Sabemos que o espaço político nunca foi formatado para que mulheres e pessoas LGBTQIAPN+ o ocupassem", segue a nota.

Os relatos de assédio sexual atribuído a Silvio Almeida envolvem casos que teriam ocorrido no ano passado. As acusações foram feitas à organização Me Too Brasil. Em nota, o ministro negou ter cometido assédio, falou em falsas acusações e disse ter pedido investigação.

Anielle teria sido uma das vítimas de assédio sexual dele, segundo o portal Metrópoles, que revelou o caso. A Folha confirmou as informações.

Como mostrou a coluna, ela relatou a integrantes do governo que havia sido assediada sexualmente por Silvio Almeida. De acordo com seus interlocutores, a ministra não queria transformar o caso em um escândalo público para não prejudicar o governo Lula.

Anielle é irmã de Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro em 2018.

Na reportagem, o Metrópoles afirmou que o assédio contra Anielle Franco incluiria toque nas pernas, beijos inapropriados ao cumprimentá-la e expressões de conteúdo sexual, de acordo com relatos de interlocutores da ministra.

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania também tem sido alvo de denúncias de assédio moral e pedidos de demissão em série desde o início da gestão, em janeiro de 2023, revelou o UOL. Dez procedimentos foram abertos para apurar supostos casos de assédio. A pasta nega.

Leia, abaixo, a íntegra da nota da entidade:

"O movimento Mulheres Negras Decidem se solidariza com a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, neste momento tão difícil e perturbador.

Testemunhamos e reafirmamos que, mesmo ocupando espaços de poder e decisão, mulheres negras seguem desprotegidas e vitimizadas por uma cultura misógina que rege a sociedade brasileira.

Assim, entendemos que não há aqui um fato novo. Sabemos que o espaço político nunca foi formatado para que mulheres e pessoas LGBTQIAPN+ o ocupassem. Não à toa, desde 1934, quando nos colocamos na disputa institucional através da advogada e sindicalista Almerinda Farias Gama, vivenciamos práticas violentas. Essas violências não constituem apenas barreiras aos direitos políticos de mulheres negras, mas, no limite, impedem o avanço democrático do país.

Marielle Franco, Dilma Rousseff, Marina Silva, Tainá de Paula, Benny, Briolly, Flávia Hellen, Talíria Petrone, Carol Dartora, Reginete Bispo, Érika Hilton Benedita da Silva... e tantas outras que ocuparam ou se projetaram em lugar de decisão na política institucional foram desrespeitadas por figuras que performam uma masculinidade agressiva e antiquada. E o que nos embrulha o estômago é que, ainda assim, esses homens são ovacionados por grupos permissivos à violência política de gênero e raça.

Por essas mulheres, e por todas as outras que não estão estampadas nas capas da imprensa patrocinada por aqueles cujos ganhos políticos se contrapõem ao interesse público e popular, seguimos incidindo e trabalhando para que mulheres negras ocupem com segurança espaços necessários para o avanço social.

Reiteramos nossa solidariedade à Anielle Franco, segunda mulher a ocupar a maior posição ministerial no Ministério da Igualdade Racial, órgão de fundamental importância para o Brasil. Seu trabalho, realizado com muito empenho, habilidade política e qualidade técnica não deve ser eclipsado por lamentáveis episódios como esse. Avante, Ministra!

#AnielleNãoEstáSó"

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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