No alto da home do Moskovskij Komsomolets, "Pelo anti-vaxxer Bolsonaro, Putin abandona distanciamento social". A jornalista descreve a "recepção inesperada para o presidente não vacinado", que foi "cumprimentado pela mão" e mantido sem a distância de seis metros imposta aos "vacinados Scholz e Macron".
Ou seja, "aparentemente o Kremlin tem mais confiança nos testes de PCR, aos quais Bolsonaro concordou em se submeter ao chegar à Federação Russa, do que em vacinas e reforços".
A cobertura russa foi, no geral, menos irônica e mais substantiva. O Canal 1, a principal rede, reportou longamente sobre a visita de "um dos líderes mais controversos da América Latina", com passagens da coletiva de ambos —e os persistentes sorrisos do presidente russo, que se declarou "muito feliz em vê-lo, senhor presidente" (abaixo).
O financeiro Kommersant enfatizou, com chamada, que Putin aceitou convite para vir ao Brasil e avaliou o encontro como construtivo, anunciando ainda uma futura reunião ministerial com participação do primeiro-ministro Mikhail Mishustin. O jornal sublinhou as menções à cooperação em energia e "na indústria espacial para fins pacíficos".
O tabloide Komsomolskaya Pravda também ressaltou pontos de concordância, inclusive que "o Brasil permitiu construir estações de comunicação com o Glonass", o GPS russo. O site da revista Profile salientou, sempre na mesma direção, que ambos questionaram a "corrida armamentista no espaço" e se aproximaram quanto à "produção de hidrocarbonetos".
Já o site Neftegaz, voltado ao setor de energia, o principal do país, fez o relato mais extenso e, ao que parece, mais realista. Destacou que "Putin e Bolsonaro anunciaram a expansão da cooperação russo-brasileira em exploração em alto mar", porém "nenhuma declaração fundamentalmente nova foi feita sobre a questão dos fertilizantes", maior interesse do Brasil na viagem.
NOS EUA E NA CHINA
Sobre a visita, na cobertura americana, o Washington Post publicou o texto "Bolsonaro abraçou os EUA sob Trump. Agora ele está em 'solidariedade' com a Rússia". Escreve que "ele não especificou em que sentido o Brasil se solidarizou, mas seus comentários e a visita a Putin certamente serão interpretados como apoio tácito à Rússia". Em suma:
"Ele levou o maior e mais poderoso país da América Latina para um abraço em um dos maiores adversários dos Estados Unidos."
Na cobertura chinesa, o South China Morning Post levou à home a avaliação de Putin, de que foram "conversas construtivas", e o portal Sina destacou que "Rússia e Brasil emitem declaração reafirmando sua disposição de cooperar em estruturas multilaterais como as Nações Unidas e em agendas internacionais".
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