No início da semana, Elon Musk tuitou uma proposta controversa de paz na Ucrânia, incluindo a Crimeia como parte da Rússia e novo plebiscito, da ONU, nas regiões anexadas. Justificou pelo risco de "guerra nuclear".
Kiev recusou com palavrão, Moscou elogiou. E Hu Xijin, colunista e ex-editor do chinês Global Times, ironizou via Twitter que Musk "se soltou demais", por "acreditar demais na 'liberdade de expressão' dos EUA", e iria "aprender uma lição".
Musk respondeu então em chinês, com ditado atribuído a Confúcio, para questionar Hu por só criticar, sem agir diante da ameaça atômica: "Um homem com as mãos nos bolsos se sente arrogante o dia todo":
E lançou nova proposta, de repercussão até maior, para Taiwan, via Financial Times: "Minha recomendação seria descobrir uma zona administrativa especial para Taiwan que seja razoavelmente palatável, um acordo mais brando que Hong Kong".
Justificou pela projeção de queda de 30% na economia mundial, em caso de ocupação pela China.
Hu desta vez elogiou, "você é mesmo um dos poucos no Ocidente que tem coragem de falar", assim como Global Times e Bloomberg, citando o governo chinês, "ilha poderia exercer alto grau de autonomia".
Também a imprensa taiwanesa cobriu amplamente, com o Lianhe Bao ou United Daily News mais noticioso, sublinhando a nova postura de Pequim, e o Ziyou Shibao ou Liberty Times, mais próximo do governo de Taipé, com artigo em que Musk é chamado de "arrogante" e "louco".
VALOR SIMBÓLICO
Tarde de sábado (8), a manchete da Bloomberg nos EUA já era que a "Rússia corre para reabrir a ponte da Crimeia", o que aconteceu, de fato, "poucas horas depois" do ataque. As manchetes de New York Times e Washington Post se voltaram então para o "valor simbólico" das imagens e para o fato de ter voltado o tráfego de trens e carros, mas ainda não o de caminhões.
Alguns ocidentais, como a inglesa ITV, deram as imagens da volta do tráfego à ponte, "poucas horas depois" das cenas de explosão.
UCRÂNIA ESTÁ POR TRÁS
Kiev não assumiu o atentado à ponte, mas o NYT publicou, citando fonte anônima ucraniana, que a "Ucrânia está por trás do ataque" e "orquestrou a explosão, usando bomba".
Kiev também não assumiu o atentado que matou a jornalista russa Daria Dugina em agosto, mas o NYT soltou na quinta (6) que, segundo o governo americano, "partes do governo ucraniano autorizaram o ataque de carro a bomba perto de Moscou". E "os EUA não sabiam".
Via RT, o porta-voz do Kremlin reagiu de imediato, dizendo que o vazamento ao jornal parecia ser para a Casa Branca "se distanciar de futuros ataques" ucranianos na Rússia.
CONTRA A NARRATIVA
Na Bloomberg TV (acima), o economista Jeffrey Sachs, da Universidade Columbia, questionou o papel dos EUA no ataque ao gasoduto Nord Stream e a cobertura americana da guerra:
"Sei que vai contra a nossa narrativa, não se tem permissão para dizer essas coisas no Ocidente, mas o fato é que em todo o mundo, quando falo com as pessoas, elas acham que os EUA fizeram isso. Até repórteres dos nossos jornais me dizem, mas isso não aparece."
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.