Nizan Guanaes

​Empreendedor, criador da N Ideias​.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Nizan Guanaes

 Vamos pressionar e ajudar o Facebook a retomar o seu caminho

Conectar pessoas pode ser a maior arma de criação em massa da humanidade

Anúncio publicado em jornais britânicos em que Mark Zuckerberg se desculpa por vazamentos de dados de usuários do Facebook
Anúncio publicado em jornais britânicos em que Mark Zuckerberg se desculpa por vazamentos de dados de usuários do Facebook - Oli Scarff - 25.mar.18/AFP

Eu odiava quando a minha mãe me falava das coisas que ela me alertara e eu, que já fui “millenial”, não prestara atenção e depois quebrava a cara. E lá vinha ela com aquele insuportável “eu te falei”.

Eu te falei, Facebook.

O Facebook é uma empresa admirável, com contribuição incrível à nossa seminal capacidade de conexão e comunicação.

Graças a ele, eu posso falar com meus colegas de escola, ver meu filho em segundos, entender melhor o sentimento das pessoas com quem me relaciono todo dia ou com quem me relaciono só pelo Face.
Eu amo o Facebook e não vivo sem ele.

Mas ninguém pode viver sem limites. Nem eu, nem você nem qualquer empresa ou organização.
E hoje gigantes praticamente recém-nascidos como Facebook, Amazon e Google não têm limites. E precisam ter. Como lá atrás foi dado limite a gigantes de telefonia, energia e finanças. Não é moderno defender isso. Mas prefiro senhores no Supremo a “millenials”, ainda que às vezes eles se engalfinhem como “millenials”.

Há um ano eu comecei a bater no Facebook. Meus sócios reclamaram. Meus mídias ficaram constrangidos. Meus amigos do Facebook, gente que eu adoro, ficaram em saia justa.

Na semana passada, a empresa perdeu bilhões de dólares em valor de mercado. E certamente eu não fui a única pessoa a alertar o Facebook sobre seu descaso irresponsável com “fake news”, conteúdos ofensivos e radicais, ambientes publicitários poluídos. Sem falar do seu comportamento arrogante e imperial com as comunidades que nele atuam.

O Facebook é como uma rede de TV que não se responsabiliza pelas notícias e publicidade que aparecem nela e cujos aparelhos de TV assistem à vida dos seus telespectadores e vendem dados e privacidades dessas vidas sem o devido cuidado.

Além disso, Facebook e Google precisam tomar mais medidas para não enfraquecerem pilar fundamental da democracia, a imprensa.

Foi isso o que eu disse em 2017. E é por isso que esse patrimônio da humanidade, usado por mais de 2 bilhões no mundo, está sofrendo.

Mas essa empresa e seu fundador são admiráveis. A prova é o próprio Facebook, ou sua face iluminada. É preciso também dar a outra face à luz. E, nesse processo, consertar brechas e atalhos facilmente usados para ações ofensivas, agressivas e abusivas. 

Depois de uma reação tímida às revelações de uso indevido de dados dos usuários, estamos todos aguardando mais de Mark Zuckerberg e seu time.

No domingo (25), eles publicaram anúncio de página inteira em grandes jornais dos EUA e do Reino Unido que esperamos seja o início de uma nova resposta, mais eficaz e transparente, às questões perturbadoras levantadas nas últimas semanas. O título do anúncio era sugestivo: “Temos a responsabilidade de proteger seus dados. Se não conseguimos, não os merecemos”. Era assinado pelo próprio Zuckerberg.

Quando voltou a Harvard no ano passado para receber título da universidade que largou para desenvolver o Facebook, Zuckerberg falou de como todos nós precisamos buscar nosso propósito na vida e ainda ajudar os outros a encontrar os seus. Ele citou uma visita de John F. Kennedy à Nasa. Quando o presidente americano perguntou a um faxineiro o que ele fazia na agência espacial, ele respondeu: “Estou ajudando a levar o homem à Lua”.

O Facebook não é uma criação só de Zuckerberg e associados. É de todos nós. Vamos pressionar e ajudar o Facebook a retomar o seu caminho. Não tenho dúvidas de que conectar pessoas pode ser a maior arma de criação em massa da humanidade.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.