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Prática em grupo e ambiente estimulante incentiva adesão ao spinning

Exercício, feito com bicicleta ergométrica, é alternativa para quem não consegue praticar corrida ou musculação

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São Paulo

"Realmente parece um pouco uma seita." Foi o que disse para minha irmã na primeira vez que fomos juntas a uma aula de spinning.

Na rede social X (ex-Twitter), o que não falta são comentários brincando com a ideia. "Hoje vou entrar para a seita do spinning, meus amigos", escreve um usuário. "O duro é que o spinning é uma seita mesmo né, não vejo a hora de ir de novo", comenta outro. Há ainda quem compare o exercício a outras atividades, como o crossfit.

A ideia difundida é que, após ir em apenas uma aula, o praticante pode ser "convertido" e se tornar um frequentador assíduo das aulas.

O exercício, feito em grupo, consiste em sessões de ciclismo em bicicletas ergométricas. A música alta e a iluminação baixa e colorida, porém, acaba sempre fazendo parte do pacote. O ambiente, projetado para ser estimulante, é o chamariz da prática.

Homem branco em bicicleta ergométrica
Andre Sinkos, 35, encontrou nas aulas de spinning um exercício aeróbico estimulante - Arquivo pessoal

"Acho que isso tudo acaba criando um aspecto lúdico na aula de spinning, e tira aquela parte maçante de você ficar correndo na esteira, sozinho, sem nenhum contexto", diz o personal trainer Yuri Motoyama.

Embora popular nas redes sociais, e se proliferando pelas ruas de São Paulo, as aulas de spinning, não são uma novidade.

"Em meados dos anos 2000, começou a se investir muito em aulas alternativas que pudessem trabalhar a parte aeróbia. Então as academias já tinham esteiras e eles usaram como alternativa fazer o spinning", diz ele.

Não é possível saber exatamente quando a prática surgiu, mas estudos que avaliam características e impactos das aulas de ciclismo indoor são feitos desde o início dos anos 2000.

Um misto de luzes, música, incentivos dos professores e um grupo forma as aulas das principais academia de São Paulo.

Segundo Shane Young, fundador da Velocity, a franquia foi criada após observar o sucesso da prática no exterior.

"Após muitas tentativas e erros, idas e vindas aos Estados Unidos para entender melhor a essência das aulas e da febre da bike que acontecia por lá, além de muita troca e treinamento com os melhores professores do mercado, chegamos ao conceito que temos hoje", relata o neozelandês, que se mudou para o Brasil em 2010.

De acordo com Young, o sucesso também é resultado da conexão entre os alunos durante as práticas, além de estratégias de incentivo. "São várias as histórias de alunos que se conheceram durante as aulas e hoje formaram grupos de amigos inseparáveis, até casais que iniciaram relacionamentos", diz.

A preferência pelo exercício na bicicleta ergométrica também é um dos motivos, uma vez que pode ser mais confortável do que correr ou levantar peso, por exemplo.

Homem branco com roupas de academia
Andre Sinkos, 35, conta que as comemorações oferecidas pela academia o ajudam a continuar - Arquivo pessoal

No caso do publicitário André Sinkos, 35, a dificuldade para manter a constância em academia tradicionais foi um dos motivos para arriscar uma aula de spinning. Ele procurava uma atividade aeróbica para complementar a prática musculação quando um estúdio de ciclismo indoor abriu perto de sua casa.

Apesar de certa hesitação inicial, Sinkos se interessou e aderiu ao exercício.

"O que me encantou muito é que, mesmo sendo uma atividade coletiva, é uma atividade de performance individual", pondera. "Tem tudo isso de ter uma orientação guiada em grupo, mas o professor não vai forçar você a, girar mais rápido, a colocar muito mais força. Ele vai te orientando e você faz, conforme você vai se sentindo confortável."

Para o publicitário, as aulas oferecem o nível ideal de competitividade e estímulo por fornecerem, após a prática, um ranking em que apenas o usuário sabe sua posição em relação ao restante do grupo. "Eu me sinto muito acolhido fazendo uma atividade física e com pessoas ali que também estão passando às vezes pelas mesmas dificuldades, pelos mesmos momentos que eu", diz.

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