Nosso estranho amor

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Nosso estranho amor

O 'Flá-Flu' carnavalesco de Cacau e Douglas

Eles se conheceram em Lisboa, e o amor de Carnaval resistiu à distância

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São Paulo

O amor não precisa ser um Flá-Flu. Mas aconteceu de o deles começar desse jeito, e que bom que foi assim.

Carolina Miranda Danelli Fraga, 30, e Douglas Fraga Rodrigues, 39, se conheceram num samba de pré-Carnaval no Time Out Market, cantinho gastronômico de Lisboa, cidade onde os dois estudavam. Ela, um mestrado em marketing digital na Universidade Europeia. Ele, um doutorado em oceanografia na UERJ que incluía uma temporada no Instituto Técnico de Lisboa.

Esbarraram-se no dia 23 de fevereiro de 2019. Carolina, a Cacau, tinha ido buscar cerveja num bar. Voltou com dois copos e deu de cara com Douglas. Bem o número dela. "Moreno, de barba. Até ideologicamente a gente era parecido."

Carolina Miranda Danelli Fraga, 30, e Douglas Fraga Rodrigues, 39, saíram fantasiados de Fla-Flu no primeiro Carnaval juntos - Arquivo pessoal

Não se aguentou e foi ao Twitter bradar aos quatro ventos virtuais que havia conhecido o homem da sua vida. "Encontrei o boy perfeito para mim: 'zuca' de Volta Redonda, eleitor do Ciro, tem foto com o Boulos, faz doutorado. Vai embora em maio."

Um emoji de carinha chorando escoltou as últimas palavras. Que azar o dela. Também ele era zuca, como são chamados os ‘brazucas’ de Portugal, vinha de um município fluminense não muito longe da cidade onde ela nasceu, escolheu Ciro Gomes na eleição de 2018 e tinha um cafofo no coração para Guilherme Boulos (PSOL), outro presidenciável daquele pleito. Match total.

Mas voltaria ao Brasil, e Cacau não tinha o menor plano de deixar as terras lusitanas.

Uma música que tocou no samba deste primeiro dia a marcou: "Beija-flor", do Timbalada, aquela dos versos "eu fui embora, meu amor chorou".

Douglas ia embora, e Cacau ia chorar, fato. Mas resolveram continuar se curtindo. O segundo date foi já no dia seguinte. Um atropelo literal. "A gente se viu depois de ele ser atropelado e ter ido pro hospital", ela lembra. "Mesmo assim, quando saiu de lá, foi encontrar uns amigos e eu num ensaio de bateria, e depois ainda fomos numa feijoada."

Deu samba demais esse casal. Já combinaram uma fantasia em dupla para um bloco na semana seguinte, o Bué Tolo, releitura do Boitolo, um dos furdunços mais famosos do Carnaval do Rio. Foram da rixa mais clássica do futebol carioca, o Flá-Flu: ela de Flamengo, ele de Fluminense.

Uma bola fora os aguardavam no meio do caminho. Afinal, valia a pena investir num romance com prazo de validade? Ele tinha passagem de volta marcada. Ela queria ficar na Europa. Tiveram uma fase meio estranha, em que evitavam falar de compromisso porque não queriam se envolver.

Só não conseguiram deixar de se ver. Cacau provocava Douglas cantando uma música de Toninho Geraes: "Se a Fila Andar".

Não andou. No aniversário dela, dois meses após se conhecerem, a farra foi num karaokê. Eles nem namoravam, mas foi lá mesmo que Douglas a pediu em casamento. "Ele me disse: se eu voltar pra Portugal, você casa comigo? Eu respondi que não se ele voltasse, mas quando ele voltasse."

No fim, quem voltou ao Brasil foi ela. Mantiveram um relacionamento à distância até fevereiro de 2020. Cacau pegou um voo para o Rio com um duplo objetivo: fazer uma cirurgia de correção de miopia e se casar com o "zuca" dos sonhos, em Volta Redonda, numa sexta-feira 13. A primeira desde que a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarara o começo da pandemia de Covid-19.

"Foi o último casamento no fórum. Na segunda, fecharam tudo pra quarentena. Tivemos nossa festa de casamento cancelada e acabamos seguindo a vida sem a festa mesmo."

Mas a vida continua sendo uma festa para eles, mesmo sem a cerimônia pomposa. "Nosso relacionamento foi marcado por samba. A nossa música é um samba do Toninho Geraes, ‘Mais Feliz’." Começa assim: "Nós somos feitos um pro outro de encomenda/ Como a chave e a fenda". Ganharam os dois de goleada.

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