Principal nome do Ministério da Saúde por trás das recomendações de remédios sem eficácia contra a Covid-19, como hidroxicloroquina e cloroquina, Mayra Pinheiro se colocou em grupo de WhatsApp da rede de talentos da Fundação Lemann, da qual ela faz parte, como alvo de militância politica.
Membros do grupo têm criticado a atuação pró-cloroquina de Mayra como secretária da pasta de Eduardo Pazuello e dizem que não casa com o código de conduta da fundação. Eles também falam em apresentar representação contra Mayra ao comitê de ética da rede da fundação.
Como revelou o Painel, Mayra assinou um ofício enviado para a Prefeitura de Manaus no começo de janeiro classificando como "inadmissível" a não utilização de remédios como hidroxicloroquina e ivermectina. Ela também montou força-tarefa com médicos do Brasil inteiro para que visitassem UBSs em Manaus e incentivassem o uso dessas medicações sem eficácia comprovada.
Foi Mayra também quem comandou a criação do TrateCov, aplicativo do Ministério da Saúde que recomendava cloroquina até para dor de barriga de crianças e que foi tirado do ar.
"O momento político ideológico que o país vive é de imensa divisão e o debate de ideias foi de longe suplantado pela necessidade assustadora de destruição de reputações", iniciou Mayra.
"Exerço um cargo técnico de confiança e que considero importante para construção das pautas que defendi nos últimos 30 anos como profissional da saúde do SUS. Nunca me foi cobrado assumir a defesa de algo definido como anti ético. Tenho trabalhado com a autonomia necessária para adoção das boas práticas da eficiência e da integridade imprescindíveis à gestão pública de uma pasta com tantas necessidades e recursos escassos", continuou.
"Nesse contexto continuarei a defender todas as medidas com comprovação científica e capazes de salvar vidas no curso da grave pandemia que enfrentamos , a despeito das manifestações daqueles que ou por desconhecimento ou por militância política insistem em só considerar uma única narrativa como a verdade", concluiu.
Em nota da assessoria de imprensa, a Fundação Lemann diz que "não fala em nome de posições individuais de nenhum dos membros da Rede de Líderes e vice-versa, a menos que publica e previamente acordado".
Dessa forma, perguntada pelo Painel, não respondeu se Mayra é alvo de representações em seu comitê de ética atualmente.
A nota também afirma que a rede de líderes da fundação conta com mais de 600 membros em temas como Educação, Saúde, Gestão Pública, Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico. "São pessoas com diferentes perfis, autonomia e independência em suas trajetórias, não tendo nenhum tipo de vinculação profissional com a Fundação Lemann", diz.
Sobre o código de conduta, diz que ele envolve o compromisso com princípios "como respeito aos direitos humanos, à legislação e demais normas vigentes, à tutela de grupos vulneráveis, à legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência no relacionamento com o setor público e à integridade como conduta diária".
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