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Descrição de chapéu Itamaraty 5g internet

Ernesto Araújo revela diálogo com senadora e liga lobby chinês por 5G à pressão para derrubá-lo

Ministro das Relações Exteriores escreveu mensagens nas redes sociais

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O ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) publicou neste domingo (28) em suas redes sociais mensagens que, segundo aliados, têm o objetivo de tornar público o que ele entende estar por trás da ofensiva do centrão para derrubá-lo.

O ministro revelou no Twitter uma conversa que teve com a senadora Kátia Abreu (PP-TO). Nos bastidores, Araújo relaciona o lobby chinês pela tecnologia 5G à movimentação da cúpula do Congresso. As postagens falam sobre o tema.

"Em 4/3 recebi a Senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: 'Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado.' Não fiz gesto algum", escreveu Araújo neste domingo.

Em seguida, o ministro complementou: "Desconsiderei a sugestão inclusive porque o tema 5G depende do Ministério das Comunicações e do próprio Presidente da República, a quem compete a decisão última na matéria."

Marcada por questões ideológicas, a gestão do ministro é duramente criticada por empresários e políticos de esquerda, centro e direita.

Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado, disse na semana passada tanto em público como em reuniões fechadas com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que considera "falha" a política externa do Brasil.

"Precisa ser corrigida, é preciso melhorar a relação com os demais países, inclusive com a China, porque é o maior parceiro comercial do Brasil", disse o senador.

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, pediu demissão do chanceler a Bolsonaro pelos mesmos motivos.

Em entrevista ao Painel, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), um dos principais partidos do centrão, também afirmou que Araújo pouco ajudou na pandemia.

Em outra frente, neste sábado (27), 300 diplomatas divulgaram carta na qual acusam a política externa de causar graves prejuízos à imagem do Brasil.

Pessoas próximas a Araújo dizem que o Brasil recebeu grande carga de insumos e vacinas da China e que a preocupação dos parlamentares que pediram a Bolsonaro a demissão do chanceler não seria com a saúde dos brasileiros, mas sim em atender a interesses da chinesa Huawei.

A atitude do ministro das Relações Exteriores tende a aumentar a ofensiva contra ele. Integrantes do governo avaliam que Araújo errou e, com a publicação, vai gerar uma reação ainda mais enérgica do Senado a favor da sua demissão.

A Folha procurou a senadora Katia Abreu para comentar as mensagens do chanceler, mas ela não respondeu até a publicação desta reportagem

A realização do leilão do 5G está prevista para junho deste ano. Em 2020, em acordo com o que defendia o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, o chanceler brasileiro recomendou o banimento completo da Huawei. A posição contrariou e surpreendeu os técnicos de sua pasta. ​

No início de março, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou que haverá uma fase de transição em que a telefonia 5G funcionará por meio de um esquema híbrido formado por redes novas, exclusivamente para a quinta geração, e as redes 4G e 3G.

De acordo com o ministro, esse sistema funcionará ao longo de seis anos, prazo máximo para que as teles vencedoras do certame tenham instalado toda a infraestrutura 5G.

A fala ocorreu em reunião do Grupo de Trabalho do 5G da Câmara dos Deputados. Na ocasião, a deputada Bia Kicis (PSL-DF), aliada do governo Bolsonaro, insistiu para que o ministro esclarecesse se a chinesa Huawei, gigante dos equipamentos de redes de telefonia, poderia participar da disputa pela construção da rede privativa do governo.

Essa solução foi a forma encontrada pelo ministro de convencer Bolsonaro a não barrar a Huawei das demais redes das operadoras, algo que poderia até comprometer a realização do leilão.

Neste sábado (27), um grupo de mais de 300 diplomatas publicou uma carta pública acusando a política externa atual de causar “graves prejuízos para as relações internacionais e à imagem do Brasil” e pedindo a saída de Ernesto Araújo da chefia do Ministério das Relações Exteriores.

“Esperamos, com essas reflexões, oferecer mais elementos para que as necessárias e urgentes mudanças na condução da política externa ganhem maior apoio na sociedade”, diz a carta, obtida pela Folha. “A crise da Covid-19 tem revelado que equívocos na política externa trazem prejuízos concretos à população.”

Ministros avaliam que a exoneração de Araújo tornou-se praticamente irremediável.

Integrantes do governo dizem, porém, que o presidente não demitirá o ministro agora para não passar a impressão de que foi o centrão que conseguiu a saída do auxiliar.

Enquanto isso, o Palácio do Planalto já estuda nomes e procura alternativas a Araújo.

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