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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Doria cria fumódromo e Palácio dos Bandeirantes volta a permitir cigarros após 14 anos

Proibição rigorosa de fumar em qualquer dependência do Palácio começou em 2007, com José Serra

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São Paulo

O governador João Doria (PSDB-SP) criou um fumódromo no jardim do Palácio dos Bandeirantes, interrompendo um histórico de restrição total ao uso de cigarros e outros produtos do tipo no local que durava mais de 14 anos.

Em 2008, com José Serra (PSDB), o Palácio recebeu o Selo de Ambiente Livre do Tabaco, na categoria Ouro, concedido somente aos espaços 100% sem tabaco, em que funcionários e visitantes não fumam nas dependências, sejam internas, externas ou até mesmo dentro de veículos no estacionamento.

Fachada da entrada principal do Palácio dos Bandeirantes
Fachada da entrada principal do Palácio dos Bandeirantes - Bruno Santos24.abr.2019/Folhapress

A gestão estadual implantou as políticas mais firmes de proibição ao cigarro no Palácio no segundo semestre de 2007. Vice-governador de José Serra no mandato, Alberto Goldman era obrigado a deixar as dependências do Palácio para fumar charutos, diz reportagem da Veja da época, por exemplo.

A Folha mostrou que os últimos cinzeiros de três fumódromos foram retirados do Palácio dos Bandeirantes em setembro daquele ano e os funcionários passaram a ser multados quando flagrados fumando, inclusive nos jardins —onde hoje está localizado o fumódromo de Doria.

Em um ano, de 2007 a 2008, 50 dos 190 funcionários que eram fumantes abandonaram o cigarro, segundo levantamento feito pela gestão Serra. Há até hoje placas nas paredes que dizem que fumar é proibido em todos os ambientes do Palácio.

A ideia de Serra com a proibição inflexível era a de transformar o Palácio em um exemplo para que estabelecimentos comerciais aderissem às políticas de restrição. O governador, atualmente senador, sancionou a Lei Estadual Antifumo em 2009, proibindo a prática nos ambientes fechados de uso coletivo.

O selo e a política associada são constantemente exaltados como motivos de orgulho das gestões tucanas em São Paulo.

Placa no Palácio dos Bandeirantes fala em proibição de fumar em todos os ambientes
Placa no Palácio dos Bandeirantes fala em proibição de fumar em todos os ambientes - Folhapress

O novo fumódromo do Palácio tem cinzeiros verticais de metal, bancos de madeira e fica sobre uma camada de brita.

"O Palácio foi um dos primeiros lugares a se declarar 100% antifumo. É um retrocesso em relação ao exemplo que o governo do estado dá à população. Desmerece o selo que tem. É lamentável, espero que revejam a iniciativa", diz a advogada Adriana Carvalho, diretora jurídica da ACT Promoção da Saúde (Aliança de Controle do Tabagismo).

"O selo é um reconhecimento, um compromisso de boas práticas. Tem uma questão simbólica, o Palácio adotava uma política interna mais protetiva do que a lei, era totalmente livre de tabaco, e agora está recuando", completa Adriana.

Segundo apurou o Painel, Doria se disse incomodado com a presença dos fumantes na portaria do Palácio e por isso determinou a criação do espaço, que fica no jardim, aberto, mas próximo a mesas de almoço, o que gera potencial de dano a não-fumantes.

Em nota, o governo de SP diz que defende e respeita a Lei Antifumo e que o espaço é em uma área ao ar livre e arborizada, e "a lei permite o consumo de cigarros em ambientes abertos". O texto também diz que a medida visa garantir mais conforto e segurança a funcionários e visitantes.

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