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Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

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Descrição de chapéu Folhajus

TRT determina que estaleiro pague indenização de R$ 300 mil por assédio eleitoral

Dono da Schaefer Yachts teria reunido funcionários para afirmar que poderia ter de demiti-los caso Lula fosse eleito

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Brasília

A juíza Ana Letícia Moreira Rick, do TRT-12 (Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região), celebrou um acordo nesta quarta-feira (26) com o estaleiro Schaefer Yachts, no valor de R$ 300 mil, após denúncia de assédio eleitoral.

De acordo com o relato, Márcio Schaefer, dono da fabricante de lanchas e iates, reuniu em 30 de setembro os funcionários da empresa em Florianópolis e Palhoça, em Santa Catarina, e afirmou que caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PL) fosse eleito, a empresa poderia passar por uma crise e demitir funcionários. Afirmou que Lula era a contra a família e questionou o motivo de votarem em "ladrão".

Na audiência desta terça, foi determinado que a indenização por dano moral coletivo será paga em 20 parcelas mensais e consecutivas de R$ 15 mil, sendo a primeira em dezembro. A destinação do dinheiro será definida pelo Ministério Público do Trabalho e pela juíza, podendo o empregador indicar instituições filantrópicas para recebê-lo.

ESTALEIRO DE IATE DE LUXO. Iate de luxo em construção em Itajai SC, da Azimut. Mercado de iates de luxo cresceu na pandemia. Linha de produção de iates com trabalhadores no estaleiros. (Foto: Anderson Coelho/Folhapress)

A Schaefer Yachts se comprometeu também a se abster de adotar condutas para sugerir o voto de seus empregados, seja por meio de reuniões, veiculação de propaganda no local de trabalho ou distribuição de material de campanha.

Comprometeu-se ainda a se retratar por nota, afirmando compartilhar do entendimento de que a liberdade de consciência e de convicção política devem ser rigorosamente respeitadas nas relações de trabalho. "Trabalhador: vote livre e consciente! Em caso de desrespeito aos seus direitos, formalize denúncia", diz o texto, que deve ser lido diariamente no início de cada turno, até o dia da votação.

Casos as determinações sejam desrespeitadas, ficou estabelecida, ainda, multa de pelo menos R$ 200 mil, por infração.

Procurada, a Schaefer Yachts afirma não ter coagido, obrigado, ou oferecido vantagem a seus colaboradores em momento nenhum, e acrescentou não haver embasamento na informação de que iria promover demissões.

Declarou que, ao firmar o acordo, a ação será arquivada sem haver reconhecimento de culpa pelo estaleiro. "A empresa repudia qualquer atitude ou prática nesse sentido", diz.

Nesta terça (25), o TRT da 10ª Região estabeleceu multa no valor de R$ 10 mil por cada empregado ameaçado, molestado ou constrangido a exercer opção de voto defendida, recomendada ou imposta pelo empregador a ser paga pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

A liminar foi concedida a pedido da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da UGT (União Geral dos Trabalhadores).

Também na terça, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), acertou com líderes partidários a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar casos de assédio eleitoral supostamente praticados por empresários e gestores públicos em favor do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Patrícia Sant’Anna, juíza do trabalho e diretora na Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho), defende punições mais rigorosas para assédio eleitoral. Segundo ela, a punição máxima a empresas é de indenização individual ou coletiva, no âmbito da legislação trabalhista.

"Os casos estão aumentando muito. É preciso uma legislação que coíba de forma mais firme e clara esses atos. Pode haver a falsa ideia de que isso não tem consequências, e não é essa a realidade", afirma a juíza, que também preside a Associação de Magistrados da Justiça do Trabalho da 12ª Região, que abrange Santa Catarina.

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